O Boletim Focus divulgado hoje trouxe poucas mudanças nos indicadores, mas o contexto por trás deles (no Tesouro IPCA+) segue carregado de implicações importantes para quem investe principalmente em renda fixa de longo prazo.
Apesar de mais uma pequena queda nas projeções do IPCA e de um mercado de juros que se mantém estável no curto prazo, os sinais vindos do Banco Central e dos dados de atividade econômica reforçam a cautela.
Neste artigo, vamos mostrar:
O que mudou nas projeções do Focus desta semana;
Como a surpresa positiva no IBC-BR mexe com as expectativas de inflação;
E por que, mesmo com o IPCA+ 2040 pagando uma taxa maior, ainda faz mais sentido considerar o IPCA+ 2050 como escolha estratégica.
Rápidas atualizações da nossa Economia
O Boletim Focus trouxe a quinta queda consecutiva da projeção para o IPCA de 2025, que agora está em 5,50%. Parece pouco, mas cada ponto decimal importa quando falamos de credibilidade do Banco Central e do espaço para cortes na Selic!
Indicador | 4 semanas atrás | Hoje (19/05) | Tendência |
---|---|---|---|
IPCA 2025 | 5,57% | 5,50% | 📉 Queda |
Selic 2025 | 15,00% | 14,75% | ➖ Estável |
PIB 2025 | 2,00% | 2,00% | ➖ Estável |
Câmbio 2025 | R$ 5,90 | R$ 5,82 | 📉 Queda |
IBC-BR surpreende: economia mais quente pode frear o alívio na inflação
Outro dado relevante que acabou de sair foi o IBC-BR de março, bem acima do esperado: 0,80%, contra um consenso de 0,50%.
Esse resultado mostra que a atividade econômica está mais aquecida do que o mercado previa. E quando a economia acelera, o desafio para controlar a inflação aumenta, porque com mais consumo acaba havendo mais pressão nos preços.
Esse dado nos faz ter mais atenção ao risco de um aperto monetário mais prolongado, como ressaltou o Banco Central na Ata do Copom divulgada na semana passada e que eu também analisei aqui no site.
Ata do Copom: tom duro sobre os gastos públicos
A Ata do Banco Central, divulgada na semana passada, também não passou despercebida. O tom foi duro com relação aos gastos do Governo Federal, sinalizando preocupação com o rumo fiscal do país.
Se o atual governo não entregar ajustes concretos, o mercado já antevê que o próximo governo, eleito em 2026, terá que apertar o cinto.
Essa percepção fiscal mais frágil impacta diretamente as expectativas de inflação futura e ajuda a manter as taxas dos títulos longos em patamares elevados.
Tesouro IPCA+: “o IPCA+ 2040 paga mais juros. Por que devo escolher o de 2050?”
Dado esse contexto que acabei de apresentar, resolvi também trazer uma dúvida que recebi de uma cliente na semana passada. E é uma pergunta legítima, cuja resposta pode ajudar você também!
Hoje, o Tesouro IPCA+ 2040 oferece uma taxa real de IPCA + 7,02%, enquanto o IPCA+ 2050 está pagando IPCA + 6,93%. A escolha entre um e o outro pode parecer contraditória, mas não é.
Duration: o segredo por trás da estratégia
A resposta está no conceito de duration: quanto mais longo o vencimento do título, maior a sensibilidade do preço dele aos movimentos dos juros.
Se os juros reais caírem, os títulos mais longos valorizam mais rapidamente, o que significa ganhos maiores antes do vencimento, mesmo que eles paguem uma taxa menor no início.
E é exatamente esse cenário que estamos buscando: comprar agora e vender com lucro em 2 ou 3 anos.
Mas de quanto lucro estamos falando, você pode estar se perguntando… Vejamos na simulação abaixo.
Tesouro IPCA+ em uma simulação: IPCA+ 2040 x IPCA+ 2050 com potencial venda em 2027
Abaixo, a simulação que fizemos considerando dois cenários:
- queda das taxas reais para IPCA + 4,50%; e
- queda das taxas reais para IPCA + 3,00% até novembro de 2027.
Título | Taxa Nova | Preço Atual (R$) | Preço em 2027 (R$) | Valorização Total (R$) | Taxa Anual Equivalente (%) |
---|---|---|---|---|---|
Tesouro IPCA+ 2040 | IPCA + 4,50% | 1.609,66 | 2.183,58 | 573,92 | 13,16% |
Tesouro IPCA+ 2040 | IPCA + 3,00% | 1.609,66 | 2.627,38 | 1.017,72 | 21,98% |
Tesouro IPCA+ 2050 | IPCA + 4,50% | 838,22 | 1.415,81 | 577,59 | 23,69% |
Tesouro IPCA+ 2050 | IPCA + 3,00% | 838,22 | 1.968,72 | 1.130,50 | 41,38% |
Como pudermos ver na simulação, mesmo com uma taxa menor, o IPCA+ 2050 tem maior potencial de valorização caso os juros caiam, o que está no radar para o médio prazo, conforme é possível observar no Boletim Focus que eu analiso aqui semanalmente.
Tesouro IPCA+ e a estratégia de marcação a mercado: quando o tempo trabalha a seu favor
A ideia aqui não é carregar o título até 2050, mas sim capturar o ganho de capital com a valorização do título no tempo, à medida em que as taxas de juros forem caindo.
Essa é uma estratégia avançada, mas bastante interessante para quem tem perfil moderado a arrojado e pode esperar 2 a 3 anos.
Se o cenário de queda da inflação + ajuste fiscal + desaceleração global se concretizar, o prêmio atual nos títulos longos pode ser uma bela oportunidade.
Hora de agir com inteligência no Tesouro IPCA+
Com a inflação cedendo lentamente, os juros ainda altos e a incerteza fiscal no radar, é preciso usar as ferramentas certas.
O Tesouro IPCA+ 2050 é um título mais volátil, sim. Mas para quem busca um retorno expressivo com marcação a mercado, o momento pode ser agora. Mas só invista nele se souber o que está fazendo!
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