Setenta traficantes do TCP são alvos; ao menos quatro civis ficaram feridos em tiroteios
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou na manhã desta terça-feira (10) uma megaoperação contra o Terceiro Comando Puro (TCP), no Complexo de Israel, conjunto de favelas na Zona Norte da capital fluminense. A ação, baseada em sete meses de investigação, tem como alvo pelo menos 70 traficantes, dos quais 44 não tinham anotações criminais anteriores. A operação já resultou na prisão de 14 criminosos até o momento.
Houve intenso tiroteio em várias áreas, e ao menos quatro civis foram baleados durante os confrontos.
O alvo da operação é o bando liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do estado. Após se tornar evangélico, Peixão impôs um domínio sectário sobre as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, rebatizando a região como “Complexo de Israel” e banindo à força religiões de matriz africana.
Para garantir o avanço da operação, vias estratégicas da Zona Norte foram fechadas por volta das 6h30, provocando caos no trânsito e levando o Centro de Operações e Resiliência (COR) a colocar o Rio em Estágio 2, nível que sinaliza risco de impactos severos na rotina dos moradores.
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, a operação identificou dezenas de traficantes que atuavam nas comunidades sem chamar atenção das autoridades.
“Vários deles passavam despercebidos porque não ostentavam anotações criminais, mas tinham intensa participação nas ações do tráfico”, explicou.
A investigação mostrou a estrutura de dominação do TCP, que inclui uso de barricadas, drones para vigiar o avanço da polícia, imposição de toque de recolher e até monopólio de serviços essenciais. Um núcleo da quadrilha era responsável por orquestrar “protestos”, com queima de ônibus para sabotar operações policiais, enquanto outro se especializou em tentar derrubar helicópteros das forças de segurança com armas pesadas e treinamento militar.