A Polícia Federal vai ouvir o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi por suspeitas que envolvem a cúpula do INSS, composta por nomes indicados por ele durante sua gestão. Cinco desses dirigentes já foram afastados após operação que apura fraudes bilionárias em descontos indevidos sobre aposentadorias.
Segundo fontes próximas à investigação, Lupi participou diretamente das nomeações dos investigados. Apesar disso, o ex-ministro afirma não ter qualquer relação com o esquema e sustenta que não é alvo da apuração. Um dos principais nomes indicados por ele foi Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, demitido após a revelação das irregularidades. Questionado pelo UOL, Lupi se recusou a comentar.
A operação conjunta entre Polícia Federal e Controladoria-Geral da União apura desvios de recursos públicos por meio do repasse de mensalidades para entidades sindicais, cobradas diretamente da folha dos beneficiários do INSS, um sistema que perdeu mecanismos de controle após mudanças legislativas aprovadas pelo Congresso.
A pressão do escândalo levou o governo Lula a forçar a saída de Lupi, substituído por Wolney Queiroz, ex-secretário-executivo da pasta e aliado político do ex-ministro. Apesar da relação próxima, o Planalto tenta afastar Queiroz do núcleo de decisões sob Lupi, alegando que o novo ministro não participava das articulações internas.
Wolney, no entanto, foi um dos autores de emenda parlamentar que fragilizou a fiscalização sobre os descontos em folha. A proposta prorrogou de um para três anos, prorrogáveis por mais um ano, o prazo de revalidação das autorizações dadas por aposentados, facilitando a ação de entidades hoje sob investigação.