Antes de ser chutado para fora do Ministério dos Direitos Humanos, Silvio Almeida soltou uma granada, denunciando possível manipulação da licitação para o serviço Disque 100. Agora, o governo Lula anuncia para o seu lugar Macaé Evaristo, que é ré na Justiça de Minas Gerais sob acusação de superfaturamento na compra de kits de uniformes escolares quando era secretária de Educação de Belo Horizonte em 2012, no governo de Márcio Lacerda. Um contrato de R$ 16 milhões.

A ex-secretária autorizou a compra dos kits da empresa Diana Paolucci, já condenada e impedida de contratar com o serviço público, inclusive investigada por integrar um cartel de fornecedores de material escolar para a rede pública. Em 2012, publiquei na revista IstoÉ uma entrevista bomba com um ex-funcionário desta empresa, que detalhava o esquema. Ele acusava o ex-secretário de Educação de Gilberto Kassab, Alexandre Schneider, escolhido por José Serra como seu vice naquela disputa – vencida por Fernando Haddad.

Macaé também foi acionada por acusação similar em outros 13 processos judiciais referentes à sua gestão na Secretaria de Educação do governador Fernando Pimentel, entre 2015 e 2018. Neste caso, fez um acordo de não persecução cível em 2022 e encerrou os casos, pagando uma multa simbólica de R$ 10,4 mil — as condições deste acordo, por si só, precisam ser melhor explicadas. “Sempre colaborei com a justiça de forma engajada, reafirmando meu compromisso com a transparência, responsabilidade e defesa do interesse público”, disse em nota.

Se é verdadeiro seu compromisso, a nova ministra tem a obrigação de investigar a denúncia de Silvio Almeida e prestar contas à sociedade.