Há apenas 4 meses, o eleitor de Porto Alegre sofria com a maior enchente da história. Bairros inteiros inundados, indústrias paralisadas, memórias arrastadas pelas águas. O aeroporto Salgado Filho só deve retomar suas operações em outubro. O volume inédito de chuvas — o Guaíba ultrapassou 2,33 metros de sua cota de inundação de 3 metros — encontrou uma cidade despreparada, com diversas falhas em seu sistema de proteção contra as cheias, construído após a também histórica enchente de 1941 e composto por 68 km de diques, 14 comportas e 23 estações de bombeamento, além de um muro de contenção de quase 3 km.
Gestões sucessivas deixaram esse sistema se deteriorar. Era uma tragédia anunciada.
O que não dá para entender é a intenção de voto do eleitorado alegrense. Sebastião Melo, prefeito que busca a reeleição, segue liderando a disputa, em vez de ser banido da política pelo eleitor encharcado. Em meio às chuvas, o emedebista jogou a culpa na população pelo lixo acumulado nas ruas. Melo é seguido por Maria do Rosário, deputada federal pelo Rio Grande do Sul há duas décadas! Apesar do cargo de poder e dos milhões em emendas disponíveis, a parlamentar não destinou recursos para obras de prevenção e modernização do sistema.
Se alguém em Porto Alegre busca um futuro diferente para a cidade e para sua própria vida, deveria ao menos buscar uma alternativa. É inconcebível se deixar enganar depois de episódio tão traumático. É insano continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.