O marqueteiro Adriano Gehres, responsável por campanhas históricas como a de José Serra em 2010, acusou o atual responsável pela comunicação do governo Lula, o ministro Sidônio Palmeira, de plagiar um de seus conceitos mais emblemáticos.
“Eu criei essa campanha que criticava os extremistas de esquerda, os extremistas petistas, e dizia que o Brasil não era deles, o Brasil era dos brasileiros. Então eu fiquei surpreso, agora constrangido, de ver uma cópia exata”, disparou Gehres no programa Alive desta sexta-feira (11).
Segundo ele, não se trata apenas de um reaproveitamento de slogan, mas de uma “apropriação desonesta de conceito”. “O pecado mortal que publicitário comete é copiar. O cara que copia é aposentado do mercado publicitário”, criticou. A campanha acusada de ser plagiada foi criada no auge da rejeição ao PT em setores do Sul e Sudeste e visava justamente despolarizar o ambiente político. Agora, diz Gehres, “o Lula tenta polarizar com os extremistas de direita usando exatamente a mesma estrutura que eu usei para criticar os extremistas de esquerda”.
Além das críticas técnicas, Gehres apontou para uma crise estratégica no governo. “Nunca vi isso. Quando você tem um político com rejeição alta, você tira o cara do palco, minimiza as aparições, tenta entender o que está acontecendo. Mas o Lula, mesmo com rejeição pessoal altíssima, fala 50 minutos como se nada tivesse acontecendo. Eu não entendi qual é a estratégia”, disse, visivelmente perplexo.
Para Carol Sponza, cientista política que participou do debate, o problema é ainda mais profundo: “O marqueteiro que era para florear os dados agora está mascarando a realidade como se fosse ministro. O governo está errando sucessivamente. É todo santo dia um desastre novo. E quanto mais o Sidônio tenta consertar, mais prejudica o governo”.
Gehres também comparou Sidônio a uma “versão publicitária do STF”, ao ironizar o acúmulo de funções: “Você imagina o seguinte, o ministro Sidônio contrata o marqueteiro Sidônio, que apresenta para o ministro Sidônio. Não tem contraditório. Tá parecendo o STF”.
Segundo ele, o fracasso da comunicação não é por falta de esforço de mídia. “Eles estão gastando um absurdo para tentar virar a percepção. Mas tem três fases que precisam acontecer antes: melhorar a economia, melhorar a percepção na vida cotidiana e só então ter uma comunicação que convença. E isso, sinceramente, eu acho difícil”.
Assista ao programa na íntegra: