Pouco depois das 13h (horário de Brasília), uma fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, levando o público da Praça São Pedro à euforia e dando início ao anúncio: habemus papam e ele é… americano-peruano.
Robert Prevost ou Leão XIV, nome papal que escolheu, foi escolhido como novo Papa por mais de dois terços dos 113 cardeis reunidos no conclave. Na sua primeira aparição, na varanda da Basílica de São Pedro, Leão conteve o choro e abençoou a multidão que assistia.
“A paz esteja com todos vocês”, foram suas primeiras palavras. “Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus. Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, alcançasse suas famílias e todos os povos da Terra”.
Leão também relembrou Francisco. “Ainda guardamos nos ouvidos aquela voz fraca mas sempre corajosa de Francisco, que abençoou Roma”, disse. Além de antecessor, ele também agradeceu, em espanhol, a sua diocese no Peru, onde ganhou a cidadania do país. “Um povo fiel acompanhou seu bispo”, descreveu sobre os peruanos.
O que a escolha sinaliza
A eleição de Prevost é apenas a segunda em mais de um milênio de um papa não europeu e reflete o reconhecimento por parte dos cardeais da importância do rebanho católica — que diminuindo cada vez mais — fora da Europa.
As comparações inevitáveis com Francisco sinalizam a manutenção da questionada reforma da Igreja. Se o Argentino tentou aproximar o catolicismo dos mulçumanos e homossexuais, a escolha de Prevost pode ressaltar uma continuidade do legado do argentino.
O novo Papa é formado em matemática e agostiniano, uma ordem católica que destaca a razão no lugar da emoção e amor aos outros para a busca de Deus, indo para uma linha mais progressista da fé. Ou seja, aqueles que esperavam um mudança de postura da Igreja, se decepcionaram.
Leão XIV também é um usuário ativo do X (antigo Twitter), onde questionava a política de imigração americana e criticava presidente Donald Trump e seu vice, J.D Vance. “Uma nação não pode simplesmente decidir que quer prover para seu próprio povo e nenhum outro”, escreveu num post.
Reações
Apesar das críticas, Trump parabenizou e admitiu ser uma grande honra ter um papa dos Estados Unidos. “Não vejo a hora de conhecer o Papa”, acrescentou. Vance também o parabenizou e enviou bênçãos.
No Brasil, o presidente Lula cumprimentou e desejou que o novo Papa continue as ações de Francisco, principalmente relacionadas a “diversidade”. “Não precisamos de guerras, ódio e intolerância. Precisamos de mais solidariedade e mais humanismo. Precisamos de amor ao próximo, que é a base dos ensinamentos de Cristo.”, escreveu.
Próximos passos
A cerimônia de posse do novo Papa será realizada nos próximos dias, com uma missa solene na Praça São Pedro, onde ele dará sua primeira benção “Urbi et Orbi” aos fiéis