O jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ) publicou uma crítica contundente ao Judiciário brasileiro, acusando-o de “abuso de poder”. A matéria, divulgada nesta quarta-feira (15), denuncia privilégios e vantagens atribuídos a juízes e promotores no país, apontando para uma falta de transparência e responsabilidade.
A publicação faz referência ao Fórum Jurídico de Lisboa, realizado em Portugal, onde o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi um dos organizadores do evento, conhecido como “Gilmarpalooza”. O evento, que reuniu juízes, advogados, políticos e altos funcionários em um resort de luxo, foi descrito como um exemplo de como a elite jurídica brasileira mantém relações estreitas com interesses privados. O jornal questiona o impacto dessas reuniões patrocinadas por empresas envolvidas em processos judiciais.
Além disso, o NZZ critica as condições de trabalho dos magistrados brasileiros, que incluem 60 dias de férias anuais, com a possibilidade de “vender” parte delas, além de benefícios financeiros que ultrapassam o teto constitucional. Para o jornal, esses privilégios alimentam uma cultura de impunidade e distorcem o propósito da justiça.
A operação Lava Jato, embora vista como um marco na história da justiça brasileira, também é citada pelo jornal suíço. O NZZ argumenta que a operação revelou uma “grande resistência” dentro da elite jurídica, que busca limitar a transparência e a responsabilidade, em vez de promover uma verdadeira reforma no sistema judiciário.