O governo Lula planeja retaliar deputados federais da base aliada que assinaram o pedido de urgência para a tramitação do projeto de lei da anistia, que visa perdoar os condenados pelos atos de 8 de janeiro. A iniciativa da oposição obteve nesta quinta-feira (10) o apoio de pelo menos 257 parlamentares, número mínimo necessário para aprovar o regime de urgência no plenário da Câmara.
A reação no Palácio do Planalto foi imediata. Líderes aliados ouvidos pela CNN afirmam que é preciso “dar exemplos” aos parlamentares de partidos que possuem ministérios na Esplanada, em especial diante do apoio inesperado dentro da própria base governista. Entre os signatários da lista estão deputados do União Brasil, partido que controla duas pastas no governo Lula.
Como forma de retaliação, o governo avalia rever concessões de cargos e indicações nos redutos eleitorais dos parlamentares considerados infiéis, além de adiar ou bloquear o repasse de emendas parlamentares que poderiam beneficiá-los localmente.
Apesar do número mínimo de assinaturas ter sido alcançado, isso não significa que o projeto será imediatamente pautado. A estratégia do governo agora é se apoiar no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para frear o avanço da proposta.
A pressão do Planalto já surtiu efeito. De acordo com interlocutores do PL, três deputados retiraram suas assinaturas após serem cobrados por integrantes do governo, informa a CNN. Os nomes, porém, não foram revelados.
Aliados de Lula afirmam que Hugo Motta não cederá à pressão da oposição e que o projeto não deve avançar tão cedo. Argumentam ainda que há cerca de 2 mil pedidos de urgência aguardando análise no plenário, o que tornaria inviável qualquer tipo de “fura-fila”.
A movimentação do governo revela o incômodo com o avanço do projeto de anistia, mesmo entre os aliados, e a disposição do Planalto em exercer controle político sobre a base por meio da liberação de cargos e verbas públicas.