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Esposa de desembargador do TRF-1 recebeu R$ 938 mil de alvo da PF, aponta Coaf

A Polícia Federal investiga um suposto esquema de venda de decisões judiciais, liderado pelo lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que teria movimentado R$ 2,8 bilhões em transações suspeitas.
Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) revelou um pagamento de R$ 938 mil feito pela esposa do lobista, Mirian Ribeiro Rodrigues, à advogada Aline Gonçalves de Sousa, casada com o desembargador César Jatahy, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), segundo apuração feita pelo UOL.
Mirian Ribeiro atua como advogada em 15 processos no TRF-1, embora nenhum esteja sob relatoria do desembargador Jatahy. Questionada, Aline Sousa afirmou que foi contratada para atuar em um caso judicial, mas não deu detalhes.
A investigação da PF já apontava a atuação de Andreson e Mirian em tribunais como STJ (Superior Tribunal de Justiça), TJ-MT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso) e TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). No entanto, até então, não havia ligações diretas com o TRF-1.
O Coaf identificou transações incompatíveis com a capacidade financeira declarada pelo casal. Apenas entre 2018 e 2024, foram movimentados R$ 2,8 bilhões entre 802 pessoas físicas e 686 empresas.
Um dos destaques do relatório são pagamentos de R$ 15 milhões da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, para o escritório de Mirian:
•R$ 11,5 milhões em 1º de junho de 2023
•R$ 4,6 milhões em 16 de junho de 2023
Mirian justificou os valores como “honorários advocatícios”. No entanto, o Coaf destacou que os créditos da JBS ocorriam mensalmente, superando sete vezes a capacidade financeira declarada por ela.
Mensagens obtidas pela PF mostram que Andreson alegava ter faturado R$ 19 milhões atuando para a J&F, holding que controla a JBS. Mirian foi registrada como advogada em diversos processos da empresa no STJ a partir de 2020.
A PF listou 14 processos suspeitos no STJ, envolvendo corrupção e vazamento de informações. Em um deles, Andreson mencionou que conseguia influência nos tribunais por meio de sua esposa.
Em nota, a JBS afirmou que os pagamentos eram referentes a honorários e que “todos os serviços possuem comprovação nos autos”. A empresa também declarou que não mantém mais contrato com o escritório de Mirian.
A defesa do casal nega irregularidades e afirma que não há provas de que eles poderiam influenciar decisões judiciais. Andreson foi preso em novembro de 2023, enquanto Mirian cumpre medidas cautelares com tornozeleira eletrônica.
Na semana passada, a Primeira Turma do STF rejeitou um pedido de liberdade para o lobista, mantendo sua prisão. A investigação segue em andamento.

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Mariana Albuquerque

Mariana Albuquerque

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