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É preciso parecer honesto, Gonet!

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Pompeia Sula, a segunda mulher de Júlio César, perdeu o posto quando o imperador romano desconfiou de sua fidelidade, após descobrir que um integrante do Senado se infiltrara na festa que ela havia organizado só para mulheres. Daí surgiu o provérbio milenar de que “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.

Paulo Gonet deve fidelidade à Constituição. Mas se a Constituição fosse César, ele já estaria no olho da rua. Não bastasse a denúncia fantasiosa (e precária) apresentada contra Jair Bolsonaro e 33 aliados, o PGR agora debocha da inteligência alheia no caso de Eduardo.

O deputado federal anunciou mais cedo que se licenciará do mandato e não voltará ao Brasil, por medo de acabar preso por Alexandre de Moraes. O cenário estava posto desde o início do mês, quando Lindbergh Farias e Rogério Correia pediram ao STF a apreensão do passaporte do filho de Bolsonaro.

Os Débi & Loide do PT achavam que Eduardo estava no Brasil durante o Carnaval e correram a Moraes, que cobrou posição urgente de Gonet. Mas logo, descobriram que ele estava nos Estados Unidos e a articulação foi paralisada.

Se quisesse parecer honesto, o PGR poderia ter despachado no prazo dos cinco dias ou na semana seguinte, depois do Desfile das Campeãs. Mas ficou em silêncio, como de campana, esperando Eduardo pisar no Brasil. 18 dias se passaram e ficou clara a armação, o que levou o deputado a tomar a atitude drástica de abandonar seu país.

Se quisesse parecer honesto, o PGR poderia então ter esperado mais alguns dias para despachar no caso e alegado que não havia feito antes por causa do excesso de trabalho, das denúncias do inquérito do golpe e da análise das respostas das defesas dos denunciados.

Só que Gonet resolveu despachar hoje, poucas horas após o anúncio de Eduardo, confirmando a impressão de todos de que realmente se tratava de uma arapuca. Para não deixar dúvidas, a dupla Debi & Loide do PT confessou nas redes que Moraes, “a nosso pedido”, confiscaria o passaporte do deputado rival assim que ele pisasse no Brasil.

Dito isso, o despacho técnico do PGR rejeitando o pedido dos petistas, devido à ausência de elementos que indiquem qualquer ilícito penal na conduta de Eduardo soam como deboche à inteligência de César, ou de nós, o povo.

Agora, que você, Gonet, foi flagrado nessa festa proibida e antidemocrática, não adianta escrever que as “relações mantidas” entre o deputado e autoridades estrangeiras são apenas “exercício da atividade parlamentar” e não um crime contra o Estado brasileiro.

Aliás, sua fantasia de democrata está toda rasgada, como acontece ao fim de todo Carnaval. E todo Carnaval tem seu fim, Gonet.

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