Os Correios deixaram de pagar o aluguel de R$ 2,7 milhões referente a dezembro por um galpão logístico em Contagem (MG), usado como Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE). O imóvel pertence ao Fundo de Investimento Imobiliário TRBL11, que representa 46,5% da receita do fundo e já anunciou a intenção de acionar a Justiça.
A estatal, que enfrenta grave crise financeira, comunicou em dezembro de 2024 a rescisão unilateral do contrato de locação, válido por 10 anos. No entanto, o fundo afirma não ter sido formalmente notificado. A rescisão pode gerar multa de até R$ 300 milhões.
Desde que os Correios indicaram devolver o imóvel, as ações do TRBL11 caíram mais de 30%, passando de R$ 100 para R$ 62,20. O fundo destaca que o galpão está em plenas condições de uso, com laudos técnicos de estabilidade.
Sob o comando de Fabiano Silva dos Santos, advogado ligado ao grupo Prerrogativas e próximo ao presidente Lula, os Correios justificam a crise financeira apontando gestões passadas e políticas tributárias recentes, como a “taxa das blusinhas”. A estatal também tomou decisões controversas, como:
- Desistir de uma ação trabalhista bilionária;
- Assumir uma dívida de R$ 7,6 bilhões com o Postalis;
- Gastar cerca de R$ 200 milhões com “vale-peru”.
Em outubro, foi decretado um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões para 2025, dificultando a renovação de contratos. Documentos internos revelam que a estatal redirecionou R$ 1,5 bilhão economizado com rescisões para outras despesas.
A crise nos Correios ameaça operações essenciais. Especialistas apontam falta de planejamento e um modelo de gestão pouco eficiente como agravantes. A estatal, que já foi um símbolo de eficiência logística, agora enfrenta dificuldades crescentes para honrar compromissos básicos, como contratos de locação.
Enquanto o governo tenta justificar a situação com políticas anteriores, a deterioração das contas públicas da empresa exige soluções urgentes para evitar um colapso completo.