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Como o Woke influencia a juristocracia brasileira

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Durante o programa ALive, de Claudio Dantas, nesta sexta-feira (28), o jornalista Eli Vieira explicou a conexão entre a juristocracia brasileira da atualidade e o movimento Woke. Segundo ele, essa relação se manifesta no vocabulário e nas práticas de magistrados, que, em sua opinião, refletem o identitarismo progressista.

Vieira destacou o vocabulário utilizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ao tratar do combate ao “discurso de ódio eleitoral”. Para o jornalista, a expressão é vaga, pois não especifica quais manifestações se enquadram nessa categoria.

“[…] A gente sabe que o discurso de ódio tem uma tribo política específica que introduziu esse jargão. Isso é um jargão ideológico nascido no progressismo identitário. O discurso de ódio eleitoral. Mas a semelhança do Moraes com o identitarismo não para no vocabulário, não; tá nas ideias”, afirmou.

O jornalista também citou um artigo de sua autoria em que argumenta que Moraes “se apropriou” e “distorceu” o pensamento do filósofo John Stuart Mill para justificar a censura de plataformas como X e Rumble. “Eu mostrei que o Instituto que leva o nome do filósofo ficou pasmo que o Moraes usou o ‘princípio do dano'”, disse Eli, referindo-se ao conceito que estabelece limites para a liberdade quando há prejuízo a terceiros.

De acordo com Vieira, embora o “princípio do dano” seja amplamente compreendido, o identitarismo e a preocupação extrema com minorias acabam fazendo com que qualquer palavra, mesmo inofensiva, seja interpretada como “dano”. Ele citou como exemplo a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade.

“[…] Quando foi demitida pelo Lula, alegou que tinha algo a ver com a misoginia, mas não precisa provar. Pode ser que tenha, mas o que a gente espera, em um debate saudável, é você acusar tendo provas”, observou o jornalista, destacando a falta de necessidade de evidências em determinadas acusações.

Vieira também mencionou a “tática do identitarismo”, que, de acordo com ele, consiste em acusar de “ismo” ou “fobia” sem necessidade de comprovação: “Precisa provar? Não, basta acusar. Basta acusar e a pessoa acusada ser de direita. Ser conservadora, ser libertária, ser liberal, que pronto, cola instantaneamente”.

O jornalista também abordou a decisão do ministro Flávio Dino de ordenar a destruição de livros que continham “discurso de ódio”. Apesar de reconhecer que as obras possuíam elementos preconceituosos, Vieira questionou a eficácia da censura.

Ele argumentou que permitir a liberdade de expressão possibilita que pessoas manifestem pensamentos preconceituosos, mas também cria espaço para que evoluam e os abandonem ao longo do tempo. Como exemplo, citou os autores dos livros censurados, os gêmeos Dalvi, que posteriormente lançaram uma autobiografia na qual se posicionaram contra preconceito e homofobia.

Ele questionou os possíveis efeitos da censura sobre esse processo: “Imagina se Flávio Dino tivesse feito isso na época, destruísse os livros em 2008-2009, quando foram publicados. Vocês acham que esses gêmeos iam seguir esse caminho de autoaperfeiçoamento, de aprendizado, e abandonar esses preconceitos?”.

Para o jornalista, a censura poderia ter levado os autores a se “entrincheirarem” em suas opiniões em vez de abandoná-las.

Por fim, Vieira criticou os efeitos “antididáticos” da censura promovida por Dino, afirmando que, se a circulação dos livros tivesse sido impedida na época, o ministro poderia ter dificultado o processo de aprendizado e mudança dos autores.

“Algum gay foi protegido pela censura que o Flávio Dino fez destruindo o livro? Nenhum, inclusive teve que buscar muito até achar esses livros”, concluiu.

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