O Paraguai anunciou há pouco que convocou o embaixador do Brasil no país, José Antônio Marcondes, para prestar esclarecimentos sobre um suposto caso de espionagem envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o país vizinho.
“Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai para que ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência realizada pelo Brasil, por meio da entrega de uma nota oficial, a fim de esclarecer as medidas adotadas no âmbito dessa operação pelo governo brasileiro”, afirmou o chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, durante entrevista coletiva.
Questionado por jornalistas, Ramírez Lezcano classificou a ação como uma violação do direito internacional.
O chanceler também disse que as negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu Binacional serão suspensas até que o Brasil forneça respostas sobre o incidente.
“Está claro, pelo comunicado do governo brasileiro, que houve uma ordem para a Abin realizar essas operações de inteligência”, afirmou Lezcano durante a coletiva.
De acordo com o site UOL, a Abin teria executado uma operação hacker contra autoridades do governo do Paraguai, com a autorização de Luiz Fernando Corrêa, diretor da agência nomeado por Lula. A ação visava obter informações sigilosas sobre as negociações das tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, um tema delicado nas relações entre os dois países.
Em depoimento à PF, um funcionário da Abin confirmou que a gestão atual da agência realizou invasões nos sistemas do governo paraguaio, incluindo as redes do Congresso, da Presidência e de autoridades envolvidas nas negociações de Itaipu.
Diante das denúncias, a PF instaurou um inquérito ontem para apurar o caso.