O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão em regime fechado e a perda de seu mandato parlamentar, decisão que, em tese, dependerá da Câmara dos Deputados. O voto, dado nesta sexta-feira (9 ) e que se estende até 16 de maio, é parte da ação que acusa Zambelli e o hacker Walter Delgatti de supostamente invadirem o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e cometerem falsidade ideológica. Moraes, relator do caso, também sugeriu 8 anos e 3 meses de prisão para Delgatti, além de uma indenização conjunta de R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita em maio de 2024 pela Primeira Turma do STF (Moraes, Cármen Lúcia, Fux, Zanin e Dino), aponta que Zambelli orquestrou a invasão de sistemas do Judiciário entre agosto de 2022 e janeiro de 2023.
Delgatti, conhecido como o “hacker de Araraquara” por sua atuação na Operação Spoofing, teria executado os supostos crimes sob orientação da deputada.
A PGR acusa a dupla de acessar seis sistemas do Judiciário em 13 ocasiões, inserindo documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra Moraes, ordens de quebra de sigilo bancário e bloqueio de bens do ministro. Um dos pontos é a alegação de que a deputada teria elaborado um texto de mandado de prisão falso contra Moraes, com o objetivo de desestabilizar o Judiciário e obter ganhos políticos.
Zambelli nega as acusações. Em nota à imprensa, a deputada disse inconformada com a decisão de Moraes. “Estou sendo vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas contra os princípios mais elementares do Estado de Direito”, criticou. Zambelli garante que não há provas e que isso foi ignorado durante o julgamento. “Continuarei de pé, sem jamais abandonar os princípios que me trouxeram até aqui”, finalizou.
Já Delgatti, que permanece preso, afirma ter agido sob orientação da parlamentar.