O anúncio de terça-feira (7) de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, que suas redes sociais abandonariam o cartel da “checagem de fatos” em nome da liberdade de expressão, é a notícia mais importante para a liberdade desde 2016.
Foi a partir daquele ano que elites entraram em pânico contra decisões democráticas de diferentes povos a favor do que elas chamam de “populismo” nacionalista: a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e as vitórias eleitorais de Donald Trump nos EUA e Rodrigo Duterte nas Filipinas, todas em 2016 — ano em que Viktor Orbán realizou um referendo anti-imigração na Hungria, e a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil em 2018.
Foi a partir desses eventos que essas elites progressistas, diplomadas e cosmopolitas tomaram a decisão pouco democrática de alegar que esses votos foram ilegítimos, pois supostamente motivados por “desinformação” e “discurso de ódio”. Era um embate do senso comum de eleitores ao redor do mundo com elites “ungidas” com instintos autoritários e paternalistas.
Essas elites torcem o nariz para entretenimentos populares como as Artes Marciais Mistas (MMA). Esta foi justamente a porta de entrada de Mark Zuckerberg, aparentemente, de volta para a defesa da liberdade.
Em novembro de 2023, Zuckerberg, que competiu no jiu-jitsu no início daquele ano, rompeu um ligamento do joelho e precisou de cirurgia. Ele postou no Facebook a foto acima e explicou que o acidente aconteceu quando “estava treinando para uma luta competitiva de MMA agendada para o começo do próximo ano, mas agora foi adiada um pouco”.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal The Wall Street Journal (WSJ), a postagem do CEO da Meta recebeu pouca atenção comparada à que ele normalmente recebe em sua própria rede social. Isso foi resultado de uma mudança no algoritmo de recomendação que freou o alcance de conteúdo viral relacionado à saúde, um provável legado da censura pesada aplicada nas redes sociais da Meta durante a pandemia.
Decepcionado por ser alvo da própria política repressora de moderação, Zuckerberg ordenou que a regra fosse revista, e que fossem investigados outros exageros das políticas de segurança.
“Pessoas familiarizadas com o incidente disseram que ele escalou para uma revisão completa dos rebaixamentos [de alcance de postagens] por algoritmo”, afirmou o jornal. Andy Stone, porta-voz da Meta, minimizou a importância da decepção de Zuckerberg pelo baixo alcance de sua postagem e afirmou ao WSJ que a decisão teve base principalmente nas crenças sinceras que o executivo tem há muitos anos.
As Artes Marciais Mistas deram as caras nas novas políticas da Meta antes de Zuckerberg fazer o pronunciamento de ontem, contudo. Um dia antes (6), foi nomeado para o conselho diretor da Meta o chefe executivo da UFC (Ultimate Fighting Championship, uma organização de MMA), Dana White.
White tem relação amigável com Trump e participou do acerto de indicar para o político durante sua campanha presidencial a participação em podcasts inclinados à “direita” com milhões de ouvintes jovens do sexo masculino, um grupo demográfico que Kamala Harris falhou em conquistar.
Em janeiro de 2024, o CEO da UFC deu uma resposta em um jornalista progressista que o pressionou para implementar políticas de censura na entidade de luta livre: “Não coloco coleira em ninguém. Liberdade de expressão, cara. As pessoas podem dizer o que quiserem, podem acreditar no que quiserem”, disse Dana White.
Por que os homens lutadores não gostam da esquerda?
Não é surpresa que a cultura da luta rejeite o progressismo, o wokismo e sua sanha de censura. Como descobriram pesquisadores americanos em 2023, “a força da parte superior do corpo é uma heurística para o conservadorismo político em homens” e “a musculatura é um componente grande do conservadorismo percebido”. Em outras palavras, marombeiros são mais simpáticos às ideias da “direita” que às da “esquerda”.
Como teorizou o psicólogo social Jonathan Haidt, a “esquerda” difere da “direita” ao priorizar entre cinco “fundações morais” inatas do ser humano a fundação que se dedica a evitar danos a pessoas percebidas como fracas e oferecer a elas cuidado. É um instinto de proteção a vulneráveis, que pode ser exagerado para o extremo de tratar adultos como crianças a serem mimadas.
As mulheres tendem a preferir essa fundação moral, e por isso são mais atraídas para a “esquerda”. Em diversos países, hoje, é possível observar que a distinção entre “progressismo/esquerda” e “direita” (conservadorismo, liberalismo clássico e libertarianismo) está se tornando cada vez mais uma distinção de sexo.
Entre jovens dos 18 aos 29 anos, o afastamento dos sexos por ideologia política se tornou pronunciado em países como Coreia do Sul, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Elas são progressistas, eles são conservadores.
A feminização do ambiente acadêmico, por exemplo, que teve o lado bom da inclusão das mulheres em espaços dos quais antes eram excluídas, também veio com o preço de enfatizar preocupações tipicamente progressistas. Como contaram os pesquisadores Cory Clark e Boe Winegard, “homens são mais tolerantes a descobertas científicas controversas e potencialmente ofensivas poderem ser buscadas, disseminadas e discutidas, e mulheres são mais propensas a obstruir e suprimir a ciência que considerem potencialmente danosa ou ofensiva”. Em outras palavras, “os homens são relativamente mais interessados em avançar o que é empiricamente correto, e as mulheres são relativamente mais interessadas em avançar o que é moralmente desejável”.
As diferenças entre as ideologias políticas são filosóficas, profundas, e não são facilmente redutíveis a acusações baratas como “misoginia” contra liberais e conservadores. Se o liberalismo e o conservadorismo atraem mais homens que mulheres, na média, é porque ressoam com a natureza espontânea do sexo masculino, com o que homens tendem a valorizar.
Quando Elon Musk comprou o Twitter em 2022 e declarou que estava pagando 44 bilhões de dólares para restaurar a liberdade de expressão, alguns responderam que a perda desta rede social pelo projeto censor “do bem” não era tão importante, pois o Twitter (agora X) não é a rede social mais popular do mundo. Agora, como mostra o gráfico abaixo, Zuckerberg, reforçando o time da liberdade de expressão, juntou aos mais de 600 milhões de usuários do X sua força de mais de cinco bilhões de usuários das redes sociais da Meta.
Certamente é um round vencido por nocaute pelo grupo político que não acredita que a segurança se sobrepõe à liberdade, contra o grupo que pensa o contrário.
(Crédito da Foto: reprodução/Facebook. A foto teve suas extremidades expandidas por IA.)
Uma resposta
Desculpe-me pelo saudosismo. Até pouco tempo atrás as pessoas eram mais felizes, corajosas, ousadas, educadas. O mundo virou um filme de terror categoria B. As pessoas tornaram-se rasas.
Aproveitando o espaço. Vocês viram as entrevistas do ex-marido da Maria da Penha nos canais do YouTube da Leda Nagle, Ricardo Feltrin e Ricardo Ventura?