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Trump e o Novo Capítulo do Excepcionalismo Americano

Diante do tom pessimista e das mensagens negativas predominantes na cobertura da mídia brasileira sobre o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, somos quase obrigados a recorrer a publicações como o Wall Street Journal para tentar compreender melhor o contexto e as implicações dessa nova fase. Enquanto muitos veículos insistem em narrativas unilaterais, os artigos e editoriais do WSJ oferecem análises equilibradas, permitindo uma visão mais clara e aprofundada sobre o significado de sua eleição e os desafios que ela traz para o país e para o mundo. Vejamos.

Donald Trump parece determinado a reescrever sua história política, e o momento pode ser mais oportuno do que muitos imaginavam. O discurso inaugural do ex-presidente, agora no início de seu segundo mandato, marca uma ruptura clara com o tom de confronto que caracterizou sua chegada ao poder em 2017. Em vez de declarar guerra ao “establishment” com imagens de “carnificina americana”, Trump ofereceu uma mensagem de otimismo, promessa de renovação e resgate do excepcionalismo americano.

Segundo o Wall Street Journal, Trump conseguiu algo raro: apresentar um discurso que uniu passado e futuro em um único enredo. Ele relembrou a história de pioneiros e inovadores que construíram os alicerces dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que apontou para um horizonte promissor de avanços econômicos e sociais. Sua frase de abertura, “A era dourada da América começa agora”, não deixa dúvidas de que a intenção é transmitir confiança a um país que enfrentou anos de polarização, crises institucionais e dúvidas sobre seu destino.

O contraste com 2017 é evidente. Naquela época, seu discurso inaugural ecoava o ressentimento de uma classe média esquecida e de eleitores desiludidos com as elites. Desta vez, Trump aposta em um tom mais construtivo, ainda que não tenha economizado críticas ao governo Biden. Ele acusou o governo anterior de permitir o crescimento de um “establishment corrupto” que censurou vozes nas redes sociais e falhou em prestar serviços básicos essenciais. No entanto, o foco agora é em soluções: restaurar a ordem, promover o mérito, e acabar com a instrumentalização do Estado para fins políticos.

Essa última promessa, de impedir que o poder estatal seja usado para perseguir adversários, foi um ponto central de seu discurso e de grande destaque no editorial do WSJ. É uma mensagem que ressoa não apenas com seus apoiadores, mas com todos aqueles preocupados com os excessos da judicialização na política americana. Trump, um homem que experimentou isso na pele, agora promete ser o guardião de um sistema político mais justo.

O desafio, no entanto, não é pequeno. A coalizão que Trump montou entre populistas e magnatas da tecnologia, descrita por Walter Russell Mead como um “renascimento do excepcionalismo americano”, é, ao mesmo tempo, sua maior força e sua maior vulnerabilidade. Populistas, preocupados com empregos e valores tradicionais, desconfiam das elites tecnocráticas que impulsionam a automação e o avanço da inteligência artificial. Já os gigantes tecnológicos veem na desregulamentação e no corte de barreiras comerciais uma oportunidade de ouro. Unir esses interesses tão distintos será um teste constante para Trump, mas a aliança, por enquanto, sustenta sua visão de um país renovado.

Entre as iniciativas propostas, Trump anunciou duas emergências nacionais – segurança nas fronteiras e energia – que podem ampliar seus poderes executivos e acelerar a implementação de sua agenda. Contudo, como alerta o WSJ, tais medidas precisam ser tratadas com cautela. Emergências não devem ser banalizadas, sob o risco de reforçar um modelo administrativo que concentra poder demais no Executivo. O equilíbrio entre ação decisiva e moderação será fundamental para o sucesso deste novo capítulo de sua presidência.

Se há algo que o discurso inaugural deixou claro, é que Trump aprendeu com os erros do passado. Ele parece mais focado e consciente de suas prioridades, algo que faltou em seu primeiro mandato. Sem a possibilidade de buscar um terceiro mandato, seu desafio será transformar promessas em resultados concretos em tempo recorde. A tarefa é árdua, mas o tom inicial de sua presidência oferece uma base sólida para avançar.

Por fim, o retorno de Donald Trump ao poder é um lembrete de que o excepcionalismo americano – essa crença de que os Estados Unidos são únicos em sua capacidade de se reinventar – está vivo e pulsante. Enquanto críticos apostam no fracasso, ele tenta provar que um país dividido pode encontrar unidade em torno de valores compartilhados. Se terá sucesso ou não, é cedo para dizer. Mas, por enquanto, Trump começa seu segundo ato com a promessa de deixar a América mais forte do que a encontrou.

Muito bem. Enquanto o Wall Street Journal destaca o tom otimista e a maturidade política de Donald Trump em seu discurso inaugural, a Folha de São Paulo opta por uma narrativa oposta, focando em críticas e temores em relação ao que considera uma “agenda agressiva” e até ameaças à soberania de outros países. A diferença é gritante: enquanto o WSJ analisa a construção de alianças estratégicas e um possível renascimento do excepcionalismo americano, a Folha enfatiza um Trump incendiário, cercado por medidas polêmicas e retórica belicosa. Essa disparidade revela muito mais do que visões distintas; evidencia o quanto a cobertura internacional e nacional pode moldar interpretações profundamente divergentes sobre o mesmo evento histórico.

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Leonardo Correa

Leonardo Correa

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