Finalmente, o Supremo Tribunal Federal pôs um fim aos efeitos nefastos da ADPF das Favelas. Viva! Depois de cinco anos, os 11 ministros chegaram a um consenso sobre a violência no Rio de Janeiro e decidiram que o governo do Rio de Janeiro deve elaborar um projeto para retomada de territórios hoje nas mãos de milícias e facções, a mais forte delas o Comando Vermelho.
É o velho toma que o filho é teu!
O problema é que o filho, que já era uma criança rebelde, passou os últimos cinco anos num curso intensivo do crime organizado, virou adolescente, tatuou CV na cara e um palhaço na canela, marca suas vítimas com pequenas cruzes no antebraço – já são mais de 100, e anda armado até os dentes, com muitos dentes de ouro.
Toma que o filho é teu, Cláudio Castro!
A metáfora, explico, descreve como a liminar de Edson Fachin garantiu ao crime organizado no Rio condições de fortalecimento e avanço territorial só vistas antes no já longínquo governo Brizola, guardadas, é claro, as devidas proporções.
O Comando, seus aliados e rivais, instalaram barricadas nas entradas das favelas, impuseram toque de recolher e tribunal paralelo, cobram pedágio sobre todos os comércios, impedem a entrada de motoristas de aplicativo, fornecem suas próprias versões de serviços essenciais, como gás, água, luz, TV a cabo e internet.
Nas eleições, impõem seus candidatos, eliminam os concorrentes e estabelecem acordos com políticos e autoridades públicos, dentro da Polícia, no Ministério Público, no Judiciário, na Alerj, na Prefeitura, no governo estadual, nas escolas, nos serviços de limpeza urbana, no transporte pirata, na mídia até.
Toma que o filho é teu!
A devolução do poder de polícia ao governo do Estado do Rio acontece depois de cinco anos e a cerca de um ano das próximas… eleições. Castro deve disputar o Senado, mas vai querer, claro, indicar o sucessor. E sabendo que a questão da violência urbana é prioridade de todo brasileiro, inclusive dos eleitores fluminenses, cria-se o seguinte cenário:
Todos os candidatos poderão prometer melhorar a segurança com planos mirabolantes e frases de efeito, mas só o governo atual tem poder para fazer alguma coisa. A pressão para fazer alguma coisa tende a aumentar a cada mês. Se não fizer nada, vai parecer omisso! Se fizer e der ruim, se alguma bala ‘perdida’ matar um civil, uma mulher, uma criança, a esquerda cairá matando.
Toma.