A secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Márcia Lima, pediu demissão nesta terça-feira (8) e deixou o governo Lula com críticas à forma como o Palácio do Planalto divulga as ações dos ministérios, especialmente as da pasta comandada por Anielle Franco.
Embora tenha elogiado o trabalho da equipe de comunicação do MIR, Lima apontou falhas na divulgação coordenada das políticas públicas.
“O problema não é a comunicação do ministério, eu acho que é a comunicação do governo sobre o ministério. E também sobre alguns ministérios, não somente o MIR”, afirmou.
Segundo ela, a pouca articulação entre os 38 ministérios prejudica a visibilidade de pautas transversais, como as ligadas à igualdade racial.
“O nosso limite de negociação, de possibilidade, de construção com os outros ministérios tem um teto”, disse.
A ex-secretária também criticou o modelo de divulgação adotado pelo governo federal, que, em sua visão, deveria priorizar os públicos-alvo das políticas, e não apenas os ministérios responsáveis. Ela cita como exemplo o programa Juventude Negra Viva, que reúne 217 ações articuladas entre 18 ministérios e um investimento de R$ 660 milhões, mas que teve baixa repercussão.
No lançamento da iniciativa, em março, o presidente Lula cobrou publicamente os ministros pela falta de empenho em divulgar o programa. “Se cada um só falar das suas coisas, do seu ministério, não adianta um programa com 18 ministros. Senão, vira um programa natimorto”, afirmou o petista, dirigindo-se nominalmente a Anielle Franco, Margareth Menezes (Cultura), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral).
Além disso, Márcia Lima lamentou a pouca divulgação de outras ações relevantes da pasta, como o Programa Federal de Ações Afirmativas (PFAA), a proposta de prorrogação da política de cotas no serviço público e o trabalho para garantir a reserva de vagas no ensino superior.
Ela deixa o MIR para assumir a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde espera ter mais autonomia. Segundo Lima, a fragmentação ministerial e a falta de institucionalização dificultam o avanço de pautas voltadas à diversidade.
Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) respondeu que tem trabalhado para alinhar a comunicação entre os órgãos do governo.
“Nosso foco é mostrar, de forma transparente, as ações do governo, as políticas públicas em andamento e como elas impactam a vida dos cidadãos”, afirmou.