No Brasil, não basta o Judiciário querer usurpar as funções do Executivo e do Legislativo. O próprio Legislativo faz questão de tomar o lugar do Executivo, enquanto este quer ocupar o espaço da iniciativa privada. Na sanha por poder político e econômico, nossas lideranças esgarçam o tecido institucional, pintam uma República dantesca cada vez mais distante de seu objetivo original de representar a vontade popular na construção de uma sociedade próspera e livre.
Pegue a matéria do Globo que mostra o governo Lula com assento em conselhos de administração e fiscais de 63 empresas privadas ou de economia mista, em 20 setores econômicos – e isso considerando apenas os membros titulares. Na prática, são 140 indicações via BNDES e fundos de pensão, como Petros e Previ. A lista inclui gigantes como Vale, Bradesco, Itaú, Natura, Gerdau, Embraer, JBS, Vibra e Renner, além de Petrobras, Banco do Brasil e Telebras.
São 2 trilhões (1 PIB) com interferência estatal.
Agora pegue a matéria da Folha sobre as emendas parlamentares, que surrupiaram da carteira do Executivo metade do orçamento disponível para investimentos no ano. As emendas estão pagando até taxas obrigatórias do Brasil à ONU (Organização das Nações Unidas), o financiamento de colaboradores de consulados do país no exterior, incluindo psicólogos e advogados que atendem principalmente imigrantes brasileiros em cidades como Miami, Nova York e Boston.
Não bastassem as emendas, ainda temos um presidente do Senado que negocia à luz do dia a aprovação ou não de matérias de interesse da sociedade em troca de mais espaço na máquina.
Davi Alcolumbre sentou em cima da CPI dos Correios para cobrar de Lula o comando da estatal e já emplacou um diretor. O amapaense, incapaz de usar seu poder para construir uma ponte para ligar seu estado ao resto do continente, quer usar a anistia em troca do Ministério de Minas e Energia, além de diretorias na Agência Nacional de Mineração, na Agência Nacional de Petróleo, na Agência Nacional de Energia Elétrica e até no Banco do Brasil.
Eu torceria pela briga, mas só que perde é a sociedade.