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Ratinho Jr. articula anistia mirando o Planalto

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), estarão juntos nesta sexta-feira (4), em Curitiba, no primeiro encontro desde a eleição municipal. A reunião acontece na mesma semana em que Ratinho lançou sua pré-campanha à Presidência da República de 2026.

A movimentação nacional do governador já era ventilada desde o início do segundo mandato, mas só agora ganha contornos oficiais. “Pela primeira vez, ele falou abertamente, sem pedir segredo para ninguém, que está disposto, de verdade, a construir um projeto presidencial”, disse o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil). A apuração é da Folha.

A articulação com Bolsonaro marca uma reaproximação estratégica. O PSD, embora comandado por Gilberto Kassab, ainda evita bancar candidatura própria. Ratinho, até então discreto, passou a assumir o protagonismo. Na terça (1º), reuniu deputados estaduais, tratou de emendas e falou abertamente sobre 2026. Nos bastidores, o PSD admite que, se decidir ter nome próprio, será o governador.

No encontro desta sexta, além da pauta nacional, os dois alinham as eleições estaduais. O PL deve apoiar o nome indicado por Ratinho ao governo do Paraná, seja Rafael Greca, atual prefeito de Curitiba, ou Alexandre Curi, presidente da Assembleia. Em troca, Filipe Barros (PL), aliado próximo de Bolsonaro, deve disputar uma das vagas ao Senado. A outra pode ser reservada ao próprio Ratinho Jr., caso ele recue da corrida presidencial.

“Naturalmente estaremos dentro do projeto do governador. Bolsonaro tem uma excelente relação com o Ratinho pai e com o Ratinho governador”, afirmou Barros, articulador do almoço no Palácio Iguaçu.

Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro ainda é o nome preferido do PL. “Nosso candidato chama-se Jair Bolsonaro. É o nosso foco. Trabalhamos com a possibilidade concreta de ele reverter a inelegibilidade para disputar a eleição”, disse Barros, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional na Câmara.

Durante o governo Bolsonaro, Ratinho Jr. foi aliado, mas evitou polêmicas — não endossou o discurso antivacina nem atacou ministros do STF. Costuma repetir que “brigaiadas ideológicas não levam a lugar nenhum” e prega “ambiente de harmonia” para investidores. Um tom mais técnico, que o distanciou do bolsonarismo raiz, mas não impediu o diálogo político.

Na campanha de 2024, a relação entre Ratinho e Bolsonaro foi colocada à prova. Apesar da aliança PL-PSD em Curitiba, Bolsonaro acenou informalmente para Cristina Graeml, do então PMB (hoje no Podemos), que perdeu para a chapa de Eduardo Pimentel (PSD) e Paulo Martins (PL).

Agora, aliados dizem que o episódio está “superado”. O almoço desta sexta no Palácio será o primeiro reencontro entre eles após a eleição. Paulo Martins confirmou presença.

Outro tema que deve entrar na conversa é o projeto de anistia aos presos do 8 de Janeiro. Antes uma bandeira exclusiva do PL, agora também defendida por Ratinho Jr. A pauta tem ganhado tração no Congresso, enquanto o governo Lula se cala ou age para manter os patriotas atrás das grades.

Após o almoço, Bolsonaro e Ratinho participam da abertura da ExpoLondrina, um dos principais eventos do agronegócio no país. Londrina é reduto eleitoral de Filipe Barros e símbolo da força conservadora no interior do Paraná.

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