A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta manhã a segunda fase da Operação Teatro Invisível, que investiga uma rede de desinformação supostamente financiada com recursos públicos no estado do Rio de Janeiro.
De acordo com os investigadores, o grupo contratava atores para encenar diálogos em locais de grande circulação, com o objetivo de influenciar o eleitorado durante períodos eleitorais.
Os pagamentos, segundo a PF, teriam origem em contratos fraudulentos de serviços inexistentes firmados por prefeituras.
A investigação apura um rombo estimado em R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos, valor que a Justiça determinou bloquear nas contas dos investigados. A decisão também impôs a suspensão das atividades de oito empresas envolvidas no esquema.
Nesta fase da operação, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão em endereços na capital fluminense e nas cidades de Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e Juiz de Fora (MG). Não houve ordens de prisão.
Entre os alvos da operação está o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL). Também foram alvos o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), que concorreu à prefeitura de São João de Meriti em 2024, e Aarão (PP), candidato derrotado em Mangaratiba.
Outro investigado é Rubão (Podemos), que disputou a eleição sub judice em Itaguaí, chegou a vencer, mas foi impedido de assumir o cargo.
A PF também cumpriu mandado contra Davi Perini Vermelho, o Didê (PSDB), atual presidente do Instituto Rio Metrópole. Didê já havia sido preso em junho de 2020, durante a pandemia de Covid-19, numa operação que investigava fraude na compra de respiradores pelo governo de SC.
Na época, Didê foi apontado como o verdadeiro dono da empresa responsável pela venda dos equipamentos.
O foco desta 2ª etapa da operação é o financiamento das encenações teatrais usadas na disseminação de desinformação eleitoral. A PF identificou que o pagamento aos atores era feito por meio de contratos genéricos firmados entre prefeituras e as empresas investigadas.
Entre os crimes sob investigação estão obstrução de justiça, caixa dois, fraude em licitações e lavagem de dinheiro. A PF aponta ainda que o grupo teria destruído provas digitais que poderiam incriminar seus integrantes.
A investigação revelou indícios de que recursos não declarados à Justiça Eleitoral foram utilizados para beneficiar candidatos nas eleições de 2024.
“Além disso, observou-se que alguns dos investigados são proprietários de empresas que fraudaram o caráter competitivo de procedimentos licitatórios em quatro municípios RJ (Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti)”, afirma a PF.
“Há novas provas contundentes de atos de lavagem de dinheiro praticados de maneira sistemática pela organização criminosa. O esquema incluía transações ilegais por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas com vasta atividade econômica e a aquisição de bens de alto valor”, descreve a corporação.
Se condenados por todos os crimes investigados, os envolvidos poderão enfrentar penas que, somadas, ultrapassam os 27 anos de reclusão.