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Os bons motivos que Trump teve para tirar os EUA da OMS

Em seu primeiro dia de governo em segundo mandato, o presidente americano Donald Trump priorizou ontem, entre suas ordens executivas, a saída dos Estados Unidos como membros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A ordem, publicada no site da Casa Branca, diz que a organização fez “má gestão da pandemia de COVID-19 que emergiu de Wuhan, na China”, “falhou em adotar reformas urgentes” e se mostrou “incapaz de demonstrar independência frente à influência política inapropriada de Estados membros” — outra clara referência à China. O documento também reclama de pagamentos “injustamente onerosos” dos Estados Unidos, que dão mais dinheiro para a OMS que a China apesar de o país asiático ter “300% da população” do rival.

Hoje, a OMS respondeu à ordem executiva de Trump, dizendo que ela tem “um papel crucial de proteger a saúde e a segurança da população mundial, incluindo os americanos”. A entidade lembrou que os Estados Unidos foram um de seus membros fundadores em 1948, que “por mais de sete décadas, a OMS e os EUA salvaram inúmeras vidas” e disse que implementou “o maior conjunto de reformas em sua história” nos últimos sete anos. “Esperamos que os Estados Unidos reconsiderem”, concluiu a organização.

Avaliando as acusações de Trump

As três referências à China na ordem executiva se justificam. Entre os vários indícios de que a OMS se dobra à vontade da ditadura de Xi Jinping estão:

  1. O atraso em declarar a COVID-19 uma emergência global no começo de 2020 e repetição da narrativa chinesa até 14 de janeiro daquele ano que “não há evidência clara de transmissão entre humanos”.
  2. Permitir que o regime tivesse controle excessivo sobre uma investigação das origens da covid lançada pela OMS, e atenção desnecessária a bravatas da China como a alegação de que o vírus poderia ter vindo de comida congelada.
  3. Um porta-voz da OMS, em entrevista de março de 2020, fingiu que não escutou uma pergunta de uma repórter sobre a organização considerar Taiwan como membro. O Partido Comunista Chinês tem obsessão em tomar o território de Taiwan, e faz ameaças de invasão com regularidade. Quando a repórter insistiu em perguntar ao porta-voz, Bruce Aylward, sobre Taiwan, ele desligou na cara dela. Aylward é diretor-geral assistente de cobertura de saúde universal na OMS.

Essa grande influência da China em atar até as línguas dos oficiais da OMS é incompreensível, dado que no biênio 2022-2023 a ditadura comunista contribuiu com 5% dos fundos para a organização, enquanto os Estados Unidos contribuíram com 22%. A reclamação de Trump contida na ordem executiva, portanto, é justa.

O desastroso Tratado das Pandemias

Como se não bastassem esses indícios, a OMS articulou a portas fechadas um “Tratado das Pandemias” nos anos finais da emergência da COVID-19. Um “rascunho zero” revelado no começo de 2023 foi recebido com desânimo pelos críticos das políticas fracassadas da pandemia, partes das quais foram incentivadas pela OMS, como as máscaras obrigatórias e os lockdowns.

O documento usa vocabulário da esquerda woke, como uma preferência pelo termo “equidade” no lugar de “igualdade”; alega que as mulheres, que morreram menos de covid que os homens, foram “impactadas desproporcionalmente” pela pandemia; e pede que os Estados membros “combatam desinformações falsas e enganosas”, uma obsessão clara da esquerda que motivou uma onda de censura que Trump também enfrenta em outra ordem executiva.

Em resposta aos planos ambiciosos do tratado da OMS, governos locais como o do estado americano de Oklahoma proibiram por lei a adesão aos planos, e o governo de Javier Milei na Argentina, em meados de 2024, avisou que não vai aderir ao acordo.

O “rascunho zero” também pretendia que o tratado das pandemias fosse “legalmente vinculante”, ou seja, tivesse força de lei nos Estados membros. Nem mesmo a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem esse status. O documento também manifestava a vontade de tomar 20% das vacinas produzidas pelas farmacêuticas para a OMS e países pobres, e delineava um plano de controlar o mercado global de insumos para produzi-las.

Manejando a crise desencadeada pelo rascunho do tratado, o diretor da OMS Tedros Ghebreyesus alegou que o documento foi alvo de uma “profusão de mentiras e teorias da conspiração” garantiu que sua organização não teria o poder de interferir na soberania dos países membros.

Um sinal de viés anti-Trump na OMS foi que, antes da 77ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, que aconteceu em maio passado, o diretor do Centro de Direito em Saúde Global da organização disse que “Donald Trump está na sala”, comentando a resistência dos críticos do tratado. “Se Trump for eleito, provavelmente vai explodir as negociações e até sair da OMS”, comentou profeticamente o burocrata da saúde.

A OMS não desistiu do tratado. Os debates vão ser retomados em menos de um mês (17 de fevereiro). Em artigo publicado hoje no site Think Global Health, três acadêmicos defensores do Acordo das Pandemias dizem que ele é necessário para “moldar a saúde ao longo do próximo século”. Eles acreditam que é necessário construir consenso em dois temas: a “distribuição desigual das vacinas da covid”, que teria causado milhões de mortes adicionais, e a “redução do risco de pandemias futuras”, com a previsão de testagem em animais silvestres que poderiam ser reservatórios das próximas doenças globais.

O texto atual do tratado dá à OMS a “autoridade de direcionar e coordenar” a prevenção de pandemias e ainda contém elementos vinculantes que obrigariam os Estados membros a “desenvolver políticas que reduzem o risco de pandemias”.

(Crédito da imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

 

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Eli Vieira

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