O setor de petróleo privado no Brasil vive um momento de efervescência, como ficou evidente na recente entrevista que fiz com Gabriel Freire, da Azevedo e Travassos, e Richard Gonzalez, da PetroVictory. O foco da conversa foram as aquisições recentes de ativos da Brava Energia por essas duas empresas e as perspectivas futuras dessa parceria. Mas o que se desenha vai além: estamos diante de uma transformação que pode redefinir o papel do setor privado na matriz energética brasileira, com impactos significativos no PIB, na economia e nas oportunidades para investidores.
Aquisições da Brava e o Novo Cenário Onshore
A Azevedo e Travassos e a PetroVictory, em uma joint venture igualitária, adquiriram 13 campos onshore da Brava Energia na Bacia Potiguar, por US$ 15 milhões. Esses ativos, localizados nos polos Porto Carão e Barrinha, produzem atualmente cerca de 250 barris de óleo equivalente por dia (boe/d), mas o plano é ambicioso: com investimentos estimados entre US$ 6 milhões e US$ 10 milhões, a expectativa é elevar essa produção para até 1.000 boe/d em dois anos. Gabriel Freire destacou a oportunidade de revitalizar campos maduros, uma tendência que ganha força com a saída de grandes players, como a Petrobras, de ativos menos estratégicos. Richard Gonzalez complementou, apontando a expertise da PetroVictory em explorar o potencial de áreas já conhecidas geologicamente, como a Potiguar.
Esse movimento reflete o crescimento do setor privado no onshore brasileiro. Campos terrestres, historicamente negligenciados em favor do pré-sal, estão sendo redescobertos por empresas menores e ágeis, que aplicam tecnologias de workover e otimização para extrair mais valor. O potencial de crescimento é expressivo: analistas estimam que, com os investimentos certos, a produção onshore pode quadruplicar em cinco anos, saltando de patamares modestos para algo próximo de 7% da produção total de petróleo do país.
Águas Rasas, Pré-Sal e Margem Equatorial: Um Futuro Diversificado
Enquanto o onshore ganha tração, outros segmentos do setor privado também mostram vitalidade. Em águas rasas, empresas como a Prio e a própria Brava (antes da venda de ativos) têm demonstrado que é possível operar com eficiência e rentabilidade, revitalizando campos maduros com custos operacionais reduzidos. No pré-sal, embora dominado pela Petrobras, há espaço para parcerias com empresas privadas, especialmente em serviços e tecnologia, onde o investimento em inovação pode garantir margens altas. Já a Margem Equatorial, ainda em fase exploratória, é vista como a próxima fronteira. Com blocos licitados recentemente, o potencial de descobertas de grande porte atrai olhares internacionais e pode posicionar o Brasil como um dos cinco maiores exportadores de petróleo até 2030.
A produtividade nesses segmentos é um diferencial. No pré-sal, por exemplo, os poços atingem taxas de extração que rivalizam com as melhores bacias do mundo, enquanto o onshore e as águas rasas oferecem retornos rápidos com investimentos menores. A rentabilidade, por sua vez, é impulsionada pela desvalorização do real frente ao dólar, que torna o barril mais lucrativo em moeda local, e pela demanda global aquecida por energia.
Contribuição ao PIB e à Economia Brasileira
O setor de petróleo privado já responde por uma fatia crescente do PIB brasileiro, que em 2024 deve girar em torno de 1,78%, segundo projeções. Com a produção total de óleo prevista para alcançar 4,9 milhões de barris por dia até 2032 (80% oriunda do pré-sal), o impacto econômico será ainda maior. Além da geração direta de receita via royalties e impostos, há o efeito multiplicador: cada real investido em exploração e produção reverbera em empregos, infraestrutura e serviços. Só em 2024, a Pré-Sal Petróleo (PPSA) arrecadou R$ 10,3 bilhões, e a expectativa é de crescimento contínuo.
Para a economia, o setor privado traz dinamismo. Empresas como Azevedo e Travassos e PetroVictory, ao absorverem ativos da Petrobras e da Brava, criam um mercado mais competitivo, reduzindo a dependência do Estado e atraindo capital externo. Isso fortalece a balança comercial, com exportações de petróleo projetadas para colocar o Brasil entre os líderes globais.
Financiamento, Private Equity e Oportunidades de Mercado
O financiamento dessas operações é um capítulo à parte. A Azevedo e Travassos, por exemplo, planeja captar via dívida, aproveitando uma alavancagem inicial zero, enquanto a PetroVictory, listada em Toronto, tem acesso a mercados internacionais. O BNDES, embora com papel reduzido, ainda oferece linhas subsidiadas para concessões, mas o futuro está no capital privado. Bancos comerciais, fundos de investimento e até o mercado de bonds locais ganham relevância, especialmente para projetos greenfield na Margem Equatorial.
Aqui entram as oportunidades de private equity, que estão em franca ascensão. O desinvestimento da Petrobras e a consolidação de players médios, como a Brava (fruto da fusão entre 3R e Enauta), criam um terreno fértil para fundos que buscam ativos subvalorizados com alto potencial de retorno. Empresas menores, como a ATP (braço de petróleo da Azevedo e Travassos), são candidatas ideais para aportes, seja para expansão orgânica, seja para M&A. A meta de Freire de atingir 10.000 boe/d em cinco anos, por exemplo, depende de capital externo – uma janela que o private equity não deve ignorar.
Um exemplo concreto dessa oportunidade é a NBS Petróleo e Gás, que está em rodada de captação para desenvolver dois campos na Bacia do Espírito Santo, buscando capturar o momento favorável do setor. Com a expertise da L4 Capital por trás, a NBS se posiciona como uma aposta promissora para investidores que desejam entrar nesse mercado em alta. Quer saber mais? Acesse o link do WhatsApp e conheça essa oportunidade de perto.
Perspectivas e Reflexões
O setor de petróleo privado no Brasil está em um ponto de inflexão. O onshore oferece crescimento rápido e acessível; as águas rasas, estabilidade; o pré-sal, escala; e a Margem Equatorial, o sonho de novas fronteiras. Para investidores, é um mercado de risco calculado, mas com retornos promissores. Para o país, é uma chance de diversificar sua economia energética e consolidar sua relevância global. Fica o convite: acompanhe esse movimento de perto, porque o petróleo privado brasileiro está apenas começando a mostrar seu potencial.