O total de brasileiros impedidos de ingressar em Portugal alcançou 1.470 em 2024, um aumento de 721% em relação aos 179 casos registrados no ano anterior. Os dados constam no Relatório Anual de Segurança Interna, divulgado pelo governo português.
Os brasileiros correspondem a 85% das 1.700 pessoas que tiveram a entrada vetada no país europeu ao longo do ano. Em 2023, essa proporção era de 47% entre as 373 recusas contabilizadas.
No ranking de nacionalidades com mais restrições na imigração portuguesa, o Brasil lidera, seguido por Angola, com 274 recusas, e Reino Unido, com 108. Cidadãos dos Estados Unidos e da Venezuela também figuram entre os dez grupos mais afetados pelas negativas.
Segundo as autoridades portuguesas, os principais motivos para a recusa de entrada incluem ausência de justificativa plausível para permanência, vistos inadequados ou expirados e irregularidades na documentação.
O crescimento expressivo no número de brasileiros barrados coincide com mudanças na política migratória do país. Em junho de 2024, o governo encerrou o mecanismo de regularização conhecido como “manifestação de interesse”, que possibilitava a obtenção de autorização de residência após um ano de contribuição para a previdência social.
Agora, somente imigrantes que chegam com um contrato de trabalho formalizado podem requerer o documento.
Apesar do encerramento desse processo, Portugal aprovou uma autorização de residência para cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que desembarcam no país como turistas. No entanto, a medida ainda não tem previsão para entrar em vigor.
A dificuldade para obtenção de vistos nos consulados brasileiros também se tornou um entrave para quem deseja emigrar. O tempo de espera para a concessão pode chegar a oito meses, afetando principalmente estudantes e profissionais.