Nomeado pelo presidente Lula para comandar o Ministério da Previdência após o escândalo do roubo das aposentadorias, Wolney Queiroz (PDT-PE) foi coautor de uma emenda que afrouxou os controles do INSS sobre autorizações de descontos associativos. A mudança, aprovada pelo Congresso, abriu brecha para irregularidades que somam R$ 6,3 bilhões, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União.
Em 2019, o governo editou a MP 871, que estabelecia revalidação anual das autorizações dadas por aposentados e pensionistas para descontos em folha, uma medida voltada ao combate a fraudes. No entanto, em 2021, uma emenda apresentada por Wolney e outros quatro deputados ampliou esse prazo para três anos, com possibilidade de prorrogação por mais um ano.
Além de Wolney, assinaram a proposta os deputados Danilo Cabral (PSB-PE), Enio Verri (PT-PR), Jorge Solla (PT-BA) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG). Um ano depois, em agosto de 2022, o Congresso foi além: por meio de um “jabuti” inserido em uma medida provisória que tratava de microcrédito, revogou completamente a exigência de revalidação periódica, favorecendo entidades conveniadas.
Com isso, sindicatos e associações deixaram de comprovar que os descontos tinham autorização contínua dos beneficiários, o que facilitou os roubos de aposentadorias. Estima-se que 7,2 milhões de aposentados estejam filiados a essas entidades, segundo o INSS.
A nomeação de Wolney ocorreu após a queda de Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, que não resistiu à pressão provocada pelo escândalo. Embora não seja investigado diretamente, Lupi teve o nome desgastado e foi substituído justamente por seu braço-direito na pasta.