Montadoras brasileiras articulam um processo antidumping contra fabricantes chinesas, como BYD e GWM, acusadas de vender veículos importados a preços inferiores ao custo de produção. O pedido será protocolado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), visando proteger a indústria nacional e empregos locais.
O foco da ação são veículos elétricos, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. Em 2024, BYD e GWM venderam, juntas, mais de 100 mil elétricos e híbridos no Brasil, representando 60% dos eletrificados importados e 22,7% do total de veículos vindos do exterior.
A Anfavea alerta que o aumento das importações ameaça a produção nacional, responsável por gerar empregos, arrecadação tributária e desenvolvimento tecnológico. Em 2023, a participação da China entre os maiores exportadores de veículos ao Brasil saltou de 12% para 26%.
Além do dumping, a Anfavea aponta irregularidades em licitações de máquinas para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A entidade denuncia compras de empresas com operações mínimas no Brasil, conhecidas como “maquiadoras”, que vencem concorrências públicas e desaparecem, deixando de prestar serviços de manutenção e reposição de peças.
O estudo preliminar revela que, em 29 licitações avaliadas, 32% das máquinas adquiridas vieram de empresas que operam com estruturas frágeis no país. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, classifica a situação como uma “invasão de máquinas importadas” que prejudica a indústria nacional e defende mudanças nas leis de licitação para proteger a produção local.
O caso brasileiro ecoa medidas da União Europeia, que em 2023 impôs tarifas de até 35% sobre veículos elétricos chineses, acusados de receber subsídios estatais para práticas desleais de mercado. O Brasil, que retomou gradualmente as alíquotas de importação, poderá enfrentar nova alta de impostos em 2026, mas a Anfavea pressiona o governo por antecipação do cronograma.
Enquanto o governo Lula promove o PAC com mais de R$ 1 trilhão em recursos públicos, o crescente volume de importações ameaça empregos locais e a competitividade da indústria nacional. A passividade governamental diante do tema coloca em xeque a prioridade real de desenvolvimento sustentável no setor automotivo e industrial brasileiro.
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