Por Observatório Para Um Brasil Soberano*
Os relatórios do National Intelligence Council (NIC), uma agência do governo dos Estados Unidos que, entre outras tarefas, faz análises que informem deliberações de política a curto e longo prazo, ao avaliar o Brasil até 2035, descrevem um país com pouca projeção no exterior, institucionalmente conflituoso e sem coerência interna para exercer uma diplomacia influente.
Estamos em 2025 e, sem uma abrupta mudança de rumo, as projeções do NIC parecem se concretizar. O Brasil está caminhando para a pequenez econômica e diplomática. Poucos agentes políticos nacionais ou estrangeiros têm interesse no desenvolvimento do país.
Enquanto as elites oligárquicas estão mais interessadas na manutenção de seu poder do que propriamente no desenvolvimento do Brasil, o PT mantém seu plano de mudar completamente o mapa de influência política nacional e a correlação de forças sociais.
A agenda petista está descrita no livro de Fernando Haddad ‘Em Defesa do Socialismo’, que propõe taxação progressiva, aparelhamento do Estado e a lumpemproletarização dos cidadãos. Sabendo disso, é difícil acreditar que a sabotagem do PT ao agronegócio, evidenciada pelo corte dos créditos do Plano Safra, seja um incidente aleatório, infeliz e não proposital.
Como um governo que tem arrecadação recorde não tem condições de pagar os créditos do Plano Safra? Como um governo com múltiplas fontes de crédito não consegue manter um projeto de interesse nacional?
A suspensão do crédito rural do Plano Safra não é apenas uma questão de números no orçamento do governo – é uma decisão que redefine o jogo no agronegócio brasileiro, traçando uma linha clara entre quem irá sobreviver e quem irá sucumbir. O financiamento – peça-chave para custear insumos, máquinas e mão de obra –, quando retirado, atinge drasticamente pequenos e médios produtores.
Para os grandes, com acesso a capital próprio ou linhas internacionais, a pressão é administrável. Já para os menores, sem reservas ou garantias robustas, sobra um dilema cruel: afundarem-se em dívidas, ou vender suas terras, muitas vezes para os mesmos gigantes que emergem fortalecidos dessa turbulência. Esse movimento vai muito além de uma simples crise financeira conjuntural.
O agro brasileiro sempre se equilibrou na coexistência de diferentes perfis: os grandes exportadores de soja e carne dividindo espaço com médios e pequenos produtores que abastecem mercados locais, mantêm a diversidade de culturas e garantem resiliência ao setor. Sem crédito acessível, esse equilíbrio desmorona. Os custos de produção — fertilizantes, sementes, combustíveis, todos atrelados a variáveis globais — sufocam os menos capitalizados, enquanto os grandes, com poder de verticalizar operações e negociar diretamente com tradings, ganham terreno.
Assim, o que se desenha é uma concentração acelerada: menos competição, mais terras e influência nas mãos de poucos, e um setor que, historicamente marcado por desigualdades, caminha para um modelo ainda mais assimétrico. Não seria exagero chamar esse movimento de “empobrecimento programado”. A exclusão dos pequenos e médios não parece acidental, mas uma consequência lógica de decisões que favorecem quem já está no topo.
Sem competitividade, esses produtores perdem o acesso ao mercado, quebram ou são absorvidos, alimentando, assim, um ciclo vicioso: menos oferta diversificada, maior dependência de conglomerados e, inevitavelmente, preços mais altos de alimentos e de terras.
Conhecendo o PT e a natureza de sua agenda, é fácil pressupor que está em curso um processo de quebra de pequenos e médios produtores (em sua maioria, eleitores de Bolsonaro), entregando a fatia de produção desses produtores para os gigantes que já mantêm alguma relação com o governo. Essa perseguição assimétrica elevará a pressão inflacionária sobre os alimentos, aumentará os custos de vida, empobrecendo ainda mais a população.
Mas isso não é um problema para o PT, que chegou ao poder com essas práticas e tentará manter-se assim por esses mesmos meios.
* O Observatório para um Brasil Soberano é um think tank dedicado à análise de questões políticas, econômicas e culturais, com foco na defesa da liberdade, do desenvolvimento nacional e da autonomia do Brasil frente a influências externas