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Lula comemora dois anos de governo com promessas recicladas e tom de campanha

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu nesta quinta-feira (03), em Brasília, o evento “O Brasil dando a volta por cima”, em comemoração aos dois anos de seu terceiro mandato.

A cerimônia ocorreu um dia após a divulgação da pesquisa Genial/Quaest, que apontou queda na popularidade do petista.

Em tom de campanha, Lula reapresentou medidas já anunciadas e renovou críticas ao governo anterior, afirmando ter herdado um país em “ruínas”.

O ato também marcou o lançamento da campanha publicitária “O Brasil é dos brasileiros”, elaborada como uma resposta simbólica ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o jornal O Globo. O novo slogan será veiculado em emissoras de rádio e televisão como contraponto direto ao lema “Make America Great Again”.

Durante o discurso, Lula sinalizou que pretende reagir às “tarifas recíprocas” anunciadas pelo presidente americano. A estratégia, segundo aliados, visa reforçar a imagem de que o petista atua em defesa dos “interesses da população brasileira”.

Logo no início do evento, foram apresentados dados da gestão, como a geração de empregos, além de vídeos com depoimentos de apoiadores. Em seguida, materiais audiovisuais destacaram programas sociais como o Mais Médicos e o Bolsa Família, em tom de propaganda eleitoral.

A solenidade também foi marcada por falhas técnicas que “irritaram” o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, responsável pelo marketing da campanha de Lula em 2022, conforme relatado na coluna de Lauro Jardim.

Segundo o jornalista, diante do resultado da pesquisa que indicava aumento da desaprovação ao governo, Palmeira chegou a cogitar transferir o evento para o Palácio do Planalto. Lula, no entanto, decidiu manter a programação original no centro de convenções da capital federal.

Em meio à tentativa de reverter a queda na popularidade, o presidente destacou iniciativas recentes do governo, como a reformulação do programa Celular Seguro — voltado ao combate ao roubo de celulares — e o envio ao Congresso de um projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês.

Lula também anunciou que o programa Minha Casa Minha Vida “passará a beneficiar também a classe média”.

Na véspera do evento, durante jantar na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o presidente teria conversado com parlamentares sobre os números das pesquisas. Segundo ele, a queda na aprovação se deve à falta de uma “narrativa” capaz de sensibilizar a população, apesar de o governo, em sua avaliação, apresentar bons resultados em diversas áreas.

Durante o ato, Lula evitou mencionar promessas de campanha ainda não cumpridas. Entre elas, o compromisso de reduzir o preço da carne, simbolizado pela picanha — presença constante em discursos e peças publicitárias. No entanto, segundo dados do IBGE, o preço da carne acumulou alta de 20,8% em 2024.

Outras promessas também seguem sem avanços, como a “reorganização” do sistema penitenciário e a criação de universidades voltadas à segurança pública — propostas feitas em 2022, mas que não saíram do papel.

Há ainda iniciativas que foram lançadas, mas sem previsão concreta de implementação, como o projeto de regulamentação do trabalho de motoristas e entregadores por aplicativo. O texto enviado ao Congresso desagradou parte da categoria.

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