A Polícia Federal prendeu nesta manhã a primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, e sua secretária Tereza Cristina Barbosa, acusadas de aliciamento violento de eleitores em conluio com o crime organizado. Trata-se da terceira fase de uma operação que já prendeu a vereadora Raíssa Lacerda, na semana passada. Com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), os agentes federais também cumpriram mandados de busca e apreensão.
Em apertada síntese, o MP e a PF descobriram um esquema de troca de favores entre agentes políticos e integrantes da facção Nova Okaida, que domina a capital e vários outros municípios do estado. Ex-aliada do PCC, a organização criminosa foi fundada e é comandada de dentro dos presídios na Paraíba. Há anos, financia campanha de vereadores e, mais recentemente, de integrantes do Conselho Tutelar.
A Orcrim atuaria, segundo os investigadores, por meio de uma ONG (Ateliê da Vida), comandada pela mulher de um dos chefes da facção, que está preso. Ela mesma já teve vínculo com a Prefeitura na gestão de Luciano Cartaxo e seus filhos seguem contratados “por excepcional interesse público”, um como auxiliar administrativo e outro como médico. No atual governo de Cícero Lucena, o cabide de empregos para pessoas ligadas ao crime organizado se mantém, a maioria via influência de vereadores.
O inquérito a que tive acesso traz todos os detalhes, trocas de mensagens, referência a valores pagos e eventos eleitorais, mas não faz sentido encher a cabeça de vocês com tanta informação local. Importa apenas dizer que João Pessoa não é exceção, mas regra em milhares de municípios espalhados pelo país. Lamentável é não termos operações semelhantes sendo deflagradas neste momento para desbaratar tantas alianças entre o crime organizado e nossos políticos.
Essa operação também serve de alerta para a urgência em se rever a ADPF das Favelas, que, desde a pandemia, impede o trabalho ostensivo das políticas em favelas do Rio, onde a eleição do dia 6 de outubro ocorrerá sob o jugo de milicianos e faccionados. Dessas urnas, sairá um novo exército de vereadores que atuarão a serviço do crime e que também ocuparão a máquina pública com filhos, mulheres e outros apadrinhados de apenados do sistema prisional, inclusive assumindo contratos de serviços públicos e fechando convênios com ONGs de fachada.
Isso é democrático?
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