Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu “colocar o pobre no orçamento”, mas, dois anos após sua posse, a realidade econômica é outra: a inflação penaliza mais quem tem menos. Dados do IBGE mostram que, em 2024, a taxa de inflação para famílias de baixa renda foi de 5,02%, enquanto para os mais ricos ficou em 4,43%.
A inflação média do país subiu de 4,62% em 2023 para 4,83% em 2024. No entanto, os mais ricos foram os que menos sentiram esse aumento. De acordo com o Ipea, a inflação para famílias com renda superior a R$ 21.059 caiu de 6,22% para 4,43%, o menor nível desde 2020. Já para aqueles que ganham menos de R$ 2.105,99, a taxa subiu de 3,27% para 4,91%.
O peso da inflação sobre os mais pobres se deve, principalmente, ao aumento dos preços dos alimentos e bebidas, que pressionaram a renda em 2,29 pontos percentuais. Enquanto isso, para os ricos, o impacto foi de apenas 0,94 ponto percentual.
Diante do desgaste político causado pela alta dos preços, o governo busca alternativas para conter a inflação dos alimentos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta equilibrar a questão sem afetar o orçamento. Já o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, defende ampliar subsídios ao agronegócio, enquanto o chefe da Casa Civil, Rui Costa, chegou a sugerir substituir produtos mais caros por alternativas mais baratas.
A crise se agrava com a expectativa de alta nos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (29) o novo patamar da Selic, que pode subir para 13,25%, encarecendo ainda mais o crédito e prejudicando o consumo.