A alta dos preços dos alimentos tem levado famílias a mudarem seus hábitos de consumo e, ao mesmo tempo, impactado a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em bairros da capital paulista, consumidores relatam dificuldades para manter a alimentação básica e buscam alternativas para driblar os preços.
No Parque Santo Antônio, na periferia de São Paulo, Ionara de Jesus, de 43 anos, tenta equilibrar as contas para alimentar os três filhos. Com um orçamento apertado, ela substitui itens tradicionais por opções mais baratas e depende de doações de cestas básicas para completar a despensa.
“Algumas coisas que eram comuns na mesa, como café ou ovos, viraram artigos de luxo”, afirma Marisa Munção, diretora do Instituto Josefina Bakhita, organização que distribui alimentos na região.
Segundo o IBGE, o café teve alta de 50% nos últimos 12 meses, enquanto os ovos subiram mais de 40% em fevereiro.
A cesta básica em São Paulo atingiu R$ 851 em janeiro, o que equivale a 56% de um salário mínimo, segundo o Dieese. Para uma família de quatro pessoas, o salário mínimo ideal seria de R$ 7.156,15.
Impacto na popularidade de Lula
O governo Lula vem tentando conter o impacto da inflação, mas a questão já afeta sua popularidade. Diante do cenário, o Planalto anunciou a isenção de impostos de importação para produtos como café, açúcar, azeite de oliva e sardinha.
No entanto, especialistas apontam que o aumento dos preços tem causas diversas, incluindo efeitos da pandemia, fatores climáticos e a valorização do dólar devido à incerteza fiscal.
Alternativas para substituir a carne
Entre as maiores dificuldades das famílias está o acesso à proteína. Na casa de Ionara, a carne vermelha desapareceu há seis meses devido à alta de 20% nos preços dos bovinos em 2024. Para compensar, ela aposta na carcaça de frango e na suã de porco, cortes mais baratos que ajudam a garantir as refeições.
Com a inflação ainda em alta, os brasileiros seguem buscando maneiras de manter o básico no prato, enquanto o governo enfrenta desafios para conter os impactos da crise no consumo e na sua própria imagem.