O governo Lula leiloou nesta quarta-feira (21) uma área de mais de 453 mil hectares da Floresta Nacional de Jatuarana, no sul do Amazonas, autorizando a iniciativa privada a explorar recursos naturais da região por até 37 anos. A operação, conduzida pelo Serviço Florestal Brasileiro e pelo Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, teve apoio do BNDES.
Novos tempos
O modelo de concessão promete arrecadação anual de R$ 32,6 milhões e prevê investimentos obrigatórios de R$ 40,7 milhões em contrapartidas sociais ao longo do contrato. Apesar do discurso ambiental, o leilão contemplou diretamente empresas dos setores madeireiro e de bioeconomia, com a exploração liberada para madeira em tora e produtos como palmito, castanha e açaí.
A área foi dividida em quatro Unidades de Manejo Florestal, facilitando a gestão técnica e operacional. A OC Prime venceu a disputa pela maior área, de 176 mil hectares, oferecendo R$ 4 milhões. A Duart da Silva Ltda. ficou com a segunda unidade, de quase 195 mil hectares, com uma proposta de R$ 5 milhões. Já a Brasil Tropical Pisos arrematou as duas menores áreas com ofertas acima de R$ 2,2 milhões cada.
Sei
O governo destacou que o uso será restrito ao chamado “manejo sustentável” e que atividades como pesca, caça, exploração mineral ou farmacêutica estão proibidas.
A ministra Marina Silva classificou a concessão como um marco na política ambiental do governo. Já o cacique Leocir Carijó, da Aldeia Crixi Mu’üy’bã, presente à cerimônia, afirmou: “Estamos felizes, porque isso vai alavancar a economia local”.
A medida é apresentada pelo Planalto como parte da política de estímulo à economia de base florestal e à bioeconomia. Ainda assim, o leilão reforça a entrega de vastas áreas da floresta amazônica para exploração privada, uma decisão que, mesmo sob o rótulo de “sustentável”, não escapa do debate sobre os reais impactos na preservação ambiental.
Em janeiro, o irmão de secretário de Marina ganhou concessão milionária do ICMBio.