A disputa dentro do governo Lula (PT) sobre o rumo da economia tem impactado sua popularidade, segundo avaliação de aliados. De um lado, uma ala defende reforçar a credibilidade fiscal e apoiar Fernando Haddad (Fazenda) no corte de despesas. De outro, há quem prefira mais gastos públicos para estimular a economia, principalmente voltados para pobres e classe média.
A indefinição entre austeridade e aumento de gastos gera ruídos e compromete a imagem do governo, que ainda não tem uma estratégia econômica clara.
Na avaliação interna, o desgaste do governo vem de uma combinação de fatores:
•Ajuste fiscal anunciado com aumento de despesas, enfraquecendo a credibilidade;
•Dólar em alta por incertezas fiscais e expectativa de retorno de Donald Trump à presidência dos EUA;
•Juros elevados para conter a inflação;
•Pixgate, episódio em que o governo não conseguiu desmentir boatos sobre taxação do Pix.
Para a ala fiscalista, a solução seria um compromisso claro com austeridade até 2026. Porém, Lula rejeita cortes e aposta na estratégia de colocar dinheiro na economia para recuperar apoio popular.
A Secretaria de Comunicação adota o discurso de que a eleição ainda está distante e as pesquisas são apenas um “retrato do momento”. Lula reforçou essa postura no dia 6 de fevereiro, ao afirmar que pesquisas só têm impacto real durante a campanha.
Nos bastidores, a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro pode servir para o governo avaliar o efeito da ofensiva jurídica sobre o eleitorado de centro e direita. O Planalto teme que uma resposta equivocada amplie a rejeição ao governo entre os críticos de Lula.