O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, refutou nesta quinta-feira (19) a ideia de um “ataque especulativo” coordenado como causa da alta do dólar, que atingiu recordes históricos nos últimos dias. “Não é correto tratar o mercado como algo monolítico. Há compra, venda, vencedores e perdedores. Esse termo não representa bem o movimento atual”, afirmou durante coletiva em Brasília. VEJA UM TRECHO AQUI!
A moeda americana chegou a R$ 6,30 nesta manhã, levando o BC a intervir novamente no mercado cambial com dois leilões que somaram US$ 8 bilhões.
Galípolo destacou que as intervenções no câmbio não estão relacionadas à “dominância fiscal” — situação em que mesmo juros elevados não controlam a inflação. Segundo ele, o governo reconhece o desafio fiscal, mas o avanço de propostas no Congresso ocorre no ritmo democrático.
“Não há uma solução rápida, mas estamos caminhando na direção certa”, disse, enfatizando a importância de diálogo com autoridades como o ministro Fernando Haddad e o presidente Lula.
O presidente atual do BC, Roberto Campos Neto, explicou que o recorde na saída de dólares do país inclui o pagamento de dividendos e operações financeiras atípicas. “O fluxo está bastante negativo e pode ser um dos piores anos recentes”, disse Campos Neto, destacando que o BC monitora o movimento diariamente.
A coletiva ocorreu durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação, em um momento de transição simbólica entre Campos Neto e Galípolo, que assume o cargo em janeiro. O encontro também ocorre em meio à decisão do Copom de elevar a Selic para 12,25% ao ano, com projeção de novas altas até março, o que pode levar a taxa aos 14,25% — mesma marca da crise fiscal de 2015-2016.
“A transição foi planejada, apesar das pressões políticas”, disse Campos Neto. Ambos defenderam o alinhamento técnico para enfrentar os desafios econômicos.