O Brasil viu 800 milionários deixarem o país em 2024, segundo levantamento da Henley Private Wealth Migration. O número coloca o país na sexta posição entre os que mais perderam indivíduos com patrimônio superior a 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5,7 milhões). A maioria optou por se mudar para Portugal, seguida pelos Estados Unidos, conforme relatou Magda Portugal, CEO da Portogallo Family Office.
Segundo a executiva, o movimento é motivado principalmente pelo temor de aumento na carga tributária pelo governo Lula, especialmente sobre grandes fortunas, e pela crescente insegurança urbana. A proposta do petista de isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais também reacendeu a discussão sobre taxar os mais ricos.
“Nesses casos, muitos preferem antecipar a taxação mudando a residência fiscal”, explicou Magda.
O relatório da Henley aponta que cerca de 20% dos milionários que migram são fundadores de empresas e, ao se estabelecerem em outros países, costumam abrir negócios e gerar empregos locais. O índice passa de 60% entre aqueles com patrimônio acima de 100 milhões de dólares ou que já figuram na lista de bilionários.
Além disso, o documento destaca que os milionários migrantes geram impactos significativos na economia dos países que os recebem, especialmente em setores ligados ao luxo.
“Um migrante que traz consigo 10 milhões de dólares equivale aos mesmos 10 milhões de dólares em receitas com exportação, já que ambas as transações geram ganhos cambiais para o país”, afirma o texto.
Em Portugal, os brasileiros lideram a compra de imóveis de altíssimo padrão. Eles também movimentam hotéis cinco estrelas, restaurantes sofisticados, marcas de moda e o segmento de tecnologia, além de impulsionar o setor de gestão de patrimônio e os chamados family offices.