Lula disse ontem: “Precisamos ganhar a maioria no Senado, senão esses caras vão avacalhar a Suprema Corte. Não é porque a Suprema Corte é uma maçã doce, não. É porque precisamos preservar as instituições que garantem o exercício da democracia neste país.”
Não é a primeira vez que uma liderança da esquerda chama a atenção para a batalha eleitoral pelo Senado em 2026. José Dirceu já disse isso publicamente uma duas vezes, pelo menos.
A preocupação é óbvia. Se a direita fizer a maioria, elegerá o presidente do Senado e poderá abrir o impeachment de Alexandre de Moraes – para começar –, assim com as CPIs do abuso de poder e de outros escândalos do atual governo ou de qualquer outro.
Se tiver o controle das duas Casas Legislativas, a direita poderá aprovar todas as medidas necessárias para enxugar a máquina pública, baixar impostos e, claro, recolocar o STF de volta em sua casinha constitucional. Não importa o presidente.
O que Lula não quer que se ‘avacalhe’, claro, é o esquema de poder que o tirou da cadeia e o colocou na Presidência, com ajuda dos EUA. O que ele quer preservar, na realidade, são os privilégios que lhe garantem uma vida de sultão ao lado de Janja, às custas do trabalhador e dos aposentados.
Como disse Dirceu, o atual projeto do PT é de 12 anos, tempo que ele calcula ser necessário para extinguir a classe média, zerar a oposição e fortalecer as oligarquias que sustentam seu grupo político. São 12 anos para a consolidação de um projeto de décadas.
Tomar o poder é diferente de ganhar uma eleição, como ensina a Venezuela de Chavez e Maduro.
Por isso, a eleição para o Senado é a chave-mestra. De pouco adianta um presidente de direita ou de centro-direita, se o Senado estiver nas mãos de um Alcolumbre ou de um Pacheco. Isso é ilusão de poder, é permanecer refém do sistema que se quer combater.
Se a direita, bolsonarista ou não, insistir no fetiche da eleição para a Presidência — com toda a disputa interna que ela provoca —, estará abrindo mão da responsabilidade histórica que lhe recai aos ombros para resgatar o Brasil do abismo em que se encontra.
Estará contribuindo para realizar o sonho de Dirceu e Lula.
Para aqueles que já se anunciam como candidatos a presidente, pergunto se estariam dispostos a concorrer ao Senado e, naturalmente, a aprovar todas as medidas necessárias para restabelecer a República e preservar a real democracia.
Com a palavra, os presidenciáveis!