O dólar comercial fechou em alta nesta segunda-feira (24), cotado a R$ 5,76, impulsionado pela preocupação dos agentes financeiros com a possível liberação de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e seus efeitos sobre a economia. A medida pode estimular o consumo e dificultar o trabalho do Banco Central (BC) no controle da inflação.
A moeda norte-americana teve alta de 0,43% no dia, em meio a um mercado surpreendido pelo anúncio da criação de 100 mil empregos formais em janeiro. O número, apresentado pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, superou as projeções do mercado, que variavam entre 40 mil e 60 mil postos de trabalho. Além disso, a divulgação antecipada do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) pegou o mercado de surpresa, já que o dado só seria publicado oficialmente na quarta-feira (24).
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, reafirmou na semana passada que a Selic deve subir na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em março. Segundo ele, a decisão será “desconfortável”, mas necessária diante da inflação persistentemente fora da meta.
A atividade econômica mais aquecida, impulsionada pelo aumento do emprego, pode pressionar a inflação de serviços e elevar ainda mais o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O cenário reforça a expectativa de que a Selic, que já foi elevada para 13,25% ao ano em janeiro, suba para 14,25% em março e possa atingir 15% até o fim do ano, o maior patamar desde 2006.
Atualmente, a inflação acumulada em 12 meses está em 4,56%, acima da meta de 3% e do teto de 4,5%. O Banco Central já admitiu que não conseguirá cumprir a meta até junho deste ano.
FGTS e impactos econômicos
No fim do dia, rumores sobre a possível liberação dos recursos bloqueados do FGTS para aqueles que aderiram ao saque-aniversário também influenciaram o mercado. A medida pode ter impacto direto no PIB (Produto Interno Bruto) e na inflação, aumentando a pressão sobre os juros.
Os contratos de juros futuros registraram alta, refletindo a percepção de que o Banco Central precisará elevar ainda mais a Selic para conter a inflação. O mercado já revisou para cima a projeção do IPCA para dezembro deste ano, de 5,60% para 5,65%, reforçando o desafio da autoridade monetária em trazer a inflação de volta à meta.