Brasileiros deportados dos Estados Unidos frequentemente chegam ao país em voos com algemas nos pulsos e correntes nos tornozelos. A prática é um procedimento padrão adotado pelas autoridades norte-americanas para garantir segurança durante o transporte, protegendo tanto os deportados quanto os agentes responsáveis pela custódia.
Desde os anos 1980, imagens de brasileiros algemados em processos de deportação circulam na mídia, conforme informações recuperadas pelo Poder360. Um exemplo emblemático ocorreu em 16 de agosto de 1988, quando a Folha de S.Paulo registrou a escolta de brasileiros deportados sendo levados ao consulado em Nova York. Na ocasião, ao serem autorizados a entrar no prédio sem algemas, alguns aproveitaram para fugir, escapando do processo de repatriação.
A onda migratória brasileira para os Estados Unidos cresceu no final do século passado, impulsionada por crises econômicas no Brasil, como a hiperinflação
Nos últimos anos, os voos de deportação continuam frequentes. Desde o início da gestão de Joe Biden, pelo menos 32 transportes aéreos trouxeram brasileiros de volta ao país, todos com o uso de algemas até o desembarque. O uso dessas restrições, apesar de gerar indignação em parte da opinião pública, segue normas de segurança que já estavam consolidadas nos EUA antes mesmo da década de 1980.
Governo Lula usa deportações para críticas seletivas aos EUA
O governo Lula tem utilizado politicamente o caso dos brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram algemados em voos fretados, apesar de o procedimento ser padrão, inclusive durante a gestão de Joe Biden. Na época, a administração petista não se posicionou contra a prática.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, acompanhou a chegada de 88 deportados no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, no sábado (26), a pedido de Lula. Em vídeos amplamente divulgados, Evaristo declarou: “A gente não pode suportar a violação dos direitos humanos. E o que aconteceu nesse voo foi a violação dos direitos dos brasileiros.”
De acordo com dados da BH Airport, entre 27 de janeiro de 2023 e 10 de janeiro de 2024, 3.660 brasileiros foram deportados dos EUA em 32 voos. Durante o governo Biden, a prática ocorreu sem críticas públicas de Lula. Agora, com a gestão de Donald Trump, o presidente petista classificou o procedimento como violação de direitos humanos, sinalizando uma mudança de postura.
Segundo a NBC News, o padrão de deportação nos EUA não varia entre administrações e inclui detenções prévias por infrações que vão desde crimes leves a delitos graves.