Em meio a divisões internas no PDT e ao desgaste após quatro derrotas consecutivas em eleições presidenciais, o ex-ministro Ciro Gomes sinalizou movimentos estratégicos para 2026. Durante um café da manhã no gabinete do deputado Cláudio Pinho (PDT) na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), na última terça-feira (6), Ciro anunciou disposição para ser candidato das oposições ao governo estadual em 2026. O encontro reuniu parlamentares de partidos como PL, PDT e Unidade Popular, indicando uma possível convergência com setores bolsonaristas.
Apesar do interesse pessoal de Ciro, o PDT não enxerga o ex-presidenciável como viável nacionalmente em 2026. Segundo a Coluna do Estadão, a ala pró-Lula no partido avalia que o pleito será novamente polarizado entre PT e direita, sem espaço para uma terceira via.
A publicação destacou que a bancada do PDT no Senado “perdoou” o governo Lula e optou por permanecer na base aliada, rachando o partido. Enquanto os senadores pedetistas se alinham ao PT, os deputados federais decidiram sair da base, assumindo independência na Câmara.
Na semana passada, Ciro Gomes deu um passo que reforça sua estratégia local: reuniu-se com lideranças bolsonaristas do PL, União Brasil e Progressistas para discutir uma aliança contra o PT no Ceará em 2026. Ao lado do deputado estadual Alcides Fernandes (PL), pai do bolsonarista André Fernandes (PL-CE), Ciro elogiou o aliado como “um homem decente, de fé” e com “todos os dotes” para disputar o Senado.
Embora tenha evitado confirmar uma candidatura ao governo do estado – “não pretendo ser candidato a nada” –, Ciro deixou em aberto a possibilidade, citando Roberto Cláudio (PDT) como nome qualificado do partido. A movimentação chamou atenção por aproximar o PDT, historicamente crítico da direita, de figuras ligadas a Jair Bolsonaro.
Ciro, eleito governador do Ceará em 1990 pelo PSDB com 56% dos votos, disputou a Presidência em 1998, 2002, 2018 e 2022, sem avançar ao segundo turno. Na última eleição, terminou em quarto lugar, atrás de Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Planejamento. Agora, busca reoxigenar sua carreira no estado natal, onde ainda mantém influência.
A possível aliança com bolsonaristas, porém, enfrenta resistências internas no PDT, cuja bancada no Senado argumenta que a sigla “dificilmente apoiaria o candidato da direita”. Enquanto isso, Ciro tenta reposicionar-se como peça central de uma oposição cearense unida contra o PT, em um cenário onde sua sobrevivência política depende de reinventar-se – mesmo que isso signifique romper barreiras ideológicas.