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Copom define hoje a nova Selic, que pode atingir maior nível desde 2006

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira (7/5) a nova taxa Selic, válida pelos próximos 45 dias. O mercado espera continuidade na alta dos juros, mas com ritmo mais lento.

A aposta majoritária é de um aumento de 0,50 ponto percentual. Se confirmado, o índice pode alcançar o maior patamar desde julho de 2006, fim do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquele ano, a inflação acumulada era de 3,14% e a meta foi cumprida.

Ao contrário de 2006, quando os juros estavam em queda, o Copom agora segue em trajetória de alta iniciada em setembro de 2024. Desde então, já foram cinco aumentos consecutivos.

A Selic está em 14,25% ao ano e, mesmo com a política monetária mais apertada, a inflação continua pressionada — especialmente pelos alimentos. O IPCA acumula alta de 5,48%, acima do teto da meta para 2025, que é de 4,5%.

Na última ata, o Copom indicou que o ciclo de elevação “não está encerrado”, mas sinalizou que os próximos ajustes seriam “de menor magnitude”.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçou que o comitê manterá a taxa “no patamar que for restritivo o suficiente, e pelo tempo que for necessário” para atingir a meta de inflação.

A partir deste ano, a meta é contínua, com variação entre 1,5% e 4,5%. Se o IPCA ultrapassar esse intervalo por seis meses consecutivos, a meta será considerada descumprida. A autoridade monetária já indicou que esse descumprimento deve ocorrer em junho. A probabilidade de a inflação estourar o teto subiu de 50% para 70%, segundo relatório de março do BC.

Apesar disso, Galípolo afirmou que o BC “não tem nenhum tipo de desconforto” com a meta de 3%. “O Banco Central está fazendo seu caminho para perseguir a meta de 3%”, declarou.

O cenário de juros altos afeta o crédito, os investimentos e o consumo. Para o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, “a elevação pode conter a inflação via consumo, mas com alto custo social”. Ele defende disciplina fiscal e alerta contra medidas populistas que agravem o quadro econômico.

Felipe Uchida, da Equus Capital, avalia que a economia ainda mostra resiliência, mas os juros elevados já afetam a confiança empresarial. “A desaceleração global e as tarifas americanas podem frear ainda mais o crescimento interno”, disse.

As projeções do mercado foram revistas. Após 16 semanas estimando Selic em 15% ao ano, os analistas agora preveem 14,75% até dezembro. Para os anos seguintes, o cenário segue estável:

  • 12,50% ao ano em 2026
  • 10,50% ao ano em 2027
  • 10% ao ano em 2028

Com isso, o mercado não espera juros abaixo de dois dígitos até o fim do governo Lula, nem durante o mandato de Galípolo à frente do BC, que vai até 2028.

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