O criminalista Celso Vilardi acaba de assumir a coordenação da defesa de Jair Bolsonaro nas ações que correm no Supremo Tribunal Federal. A decisão foi tomada há pouco, após algumas semanas de negociação. A entrada do advogado sinaliza uma nova estratégia de enfrentamento à guerra jurídico-política conduzida por Alexandre de Moraes, considerando que Vilardi é respeitado no Supremo Tribunal Federal e possui longa trajetória em escândalos políticos e casos de repercussão nacional.
No mensalão, fez a defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do empresário José Seripieri Júnior, fundador da Qualicorp; também para a Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, na Lava Jato. Atuou ainda no caso Americanas e também para a Vale no rompimento da barragem de Brumadinho. Se autodenomina um advogado de crise. Livrar Bolsonaro de uma prisão, reverter suas condenações e, quem sabe, reabilitá-lo politicamente é um desafio e tanto, talvez o maior já enfrentado pelo advogado, considerando a atual aplicação heterodoxa da lei.
Vivemos numa espécie de estado de emergência política permanente, alimentado pela cúpula do Judiciário, pelo atual governo e pelo maior grupo de comunicação do país.
A ponte entre Vilardi e Bolsonaro foi feita por outro grande criminalista, José Luis de Oliveira Lima, o Juca, que assumiu há pouco tempo a defesa do general Braga Neto, preso preventivamente acusado de obstrução de Justiça. No ano passado, o ex-ministro da Defesa e ex-vice na chapa de reeleição de Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de integrar o tal plano golpista, que supostamente incluía o assassinato de Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin.
Assim como Vilardi, Juca é respeitado no STF e tem longa experiência em casos espinhosos. Defendeu José Dirceu no mensalão; Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, na Lava Jato; além da Galvão Engenheria. Também advogou para o empresário João Alves de Queiroz Filho, da Hypera (ex-Hypermarcas), o banqueiro Salvatore Cacciola; e mais recentemente para o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães e o humorista Marcius Melhem.
Ambos os advogados transitam bem também na imprensa, o que poderá ter um impacto importante na narrativa construída em relação a esses inquéritos políticos. Ainda no fim de 2024, em entrevista à GloboNews, Juca expôs a posição arbitrária de Moraes ao negar acesso da defesa à delação de Mauro Cid, também acusou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de mentir em sua colaboração premiada e avisou que pedirá uma acareação entre seu cliente e o coronel. Pode-se dizer que o jogo agora é na primeira divisão.