O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) prorrogou por mais 90 dias o afastamento do ex-juiz da Lava Jato, Marcelo Bretas. O novo período começou a valer em 2 de fevereiro de 2025 e foi determinado enquanto os processos administrativos contra ele seguem em tramitação. O caso permanece sob sigilo.
Bretas foi afastado em 28 de fevereiro de 2023, após o CNJ analisar três processos disciplinares. Um deles, apresentado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apontava irregularidades na condução dos processos da Lava Jato.
Acusações contra Bretas
A decisão do CNJ de afastar Bretas teve como base denúncias sobre sua relação com advogados e procuradores envolvidos na operação. Uma das acusações citava uma reportagem da revista Veja, de 2021, que revelou trechos da delação do advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho. Segundo ele, o ex-juiz teria atuado para influenciar processos e negociações da Lava Jato.
O relator do caso é o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, que também apresentou um dos processos disciplinares contra Bretas. A outra representação partiu do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que afirmou ter sido perseguido pelo magistrado.
Interferência política
Em 2021, a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) determinou que a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio investigasse se Bretas interferiu nas eleições para governador e prefeito do Rio em 2018 e 2020.
Na delação premiada, Nythalmar Filho afirmou que Bretas favoreceu a candidatura de Wilson Witzel (PMB) ao governo do estado em 2018. O ex-juiz teria vazado o depoimento de um ex-secretário de Eduardo Paes, então líder nas pesquisas, acusando-o de corrupção e fraudes em licitações.
Além disso, a OAB questiona três acordos de delação premiada homologados pelo ex-juiz. Segundo a entidade, Bretas teria combinado estratégias com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para conduzir os acordos, o que reforça as suspeitas de irregularidades.