A Câmara dos Deputados gastou ao menos R$ 1,6 milhão com Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) durante o período em que o ex-deputado esteve preso. Ele foi detido em março de 2024, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), e perdeu o mandato na última quinta-feira (24).
O valor inclui R$ 218,7 mil de remuneração bruta paga ao parlamentar entre abril de 2024 e abril deste ano. O gabinete, com mais de 20 funcionários, seguiu em funcionamento e custou R$ 1,35 milhão no mesmo período, segundo dados oficiais.
Os números não consideram gastos com plano de saúde, uso de apartamento funcional nem os valores de abril que ainda serão pagos em maio. O levantamento foi feito pelo Poder360 com base em dados públicos da Câmara.
Com descontos de imposto de renda, previdência e faltas às sessões, Brazão recebeu R$ 116,4 mil líquidos — incluindo R$ 9,6 mil de gratificação natalina paga em junho.
Mesmo preso, seu gabinete manteve a rotina. A folha salarial média mensal da equipe foi de R$ 123 mil. Com a cassação, os vínculos foram encerrados.
Brazão foi preso em 24 de março de 2024 e, em julho, negou envolvimento no crime em sessão do Conselho de Ética, afirmando que mantinha uma “relação maravilhosa” com Marielle: “A vereadora era minha amiga, não teria qualquer motivo [para assassiná-la], porque nós sempre fomos parceiros”.
Em agosto, o Conselho recomendou a cassação. No dia 11 de abril, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a prisão domiciliar. A perda do mandato foi oficializada no Diário Oficial da Câmara por Hugo Motta (Republicanos-PB), com base no artigo 55 da Constituição, que prevê cassação por ausência em sessões. Os direitos políticos de Brazão foram mantidos.