Um relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) nesta quarta-feira (23) revelou que 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS sofreram descontos diretos em seus benefícios para o pagamento de sindicatos e associações sem autorização prévia.
O levantamento, feito entre abril e julho de 2024, entrevistou 1.273 beneficiários em todos os Estados do país. Do total, 96% afirmaram que não fazem parte de nenhuma entidade. Segundo a CGU, os dados apontam uma “grande probabilidade” de que os descontos tenham sido realizados de forma indevida e sem conhecimento dos segurados.
A auditoria foi iniciada após a detecção de um crescimento expressivo no volume das cobranças associativas. Em 2022, esses descontos somaram R$ 706,2 milhões. Em 2024, o valor ultrapassou os R$ 2,6 bilhões, mais que o triplo do registrado dois anos antes.
A CGU também observou um aumento considerável nas solicitações de cancelamento feitas aos canais do INSS. Em abril deste ano, 192 mil pedidos foram registrados. Em 14 Estados, 100% dos entrevistados afirmaram que não autorizaram os descontos. No Espírito Santo, onde o índice foi o menor, 89,7% negaram ter conhecimento da cobrança.
Apesar das constatações, a recomendação do órgão para que o INSS bloqueasse imediatamente os novos descontos não foi acatada, e os débitos continuaram sendo aplicados.
A Polícia Federal deflagrou a operação Sem Desconto no mesmo dia da divulgação do relatório. As investigações apontam que entidades utilizaram documentos e assinaturas falsificadas para filiar os beneficiários sem consentimento.