Pré-candidato ao Planalto em 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou nesta segunda-feira (5) que o presidencialismo no Brasil “foi destruído” e criticou o modelo atual de articulação política baseado em emendas parlamentares, ainda que seu partido seja justamente um dos mais beneficiados pela prática.
“O plano de governo é do presidente. O deputado foi feito para aprovar o Orçamento, fiscalizar o Orçamento e legislar nas matérias de lei complementar e ordinária à proposta. Pronto. Essa é a finalidade do deputado e do senador. Agora, não é ele que vai decidir que vai repassar o dinheiro, que é discricionário, que está no plano de governo, para fazer o que ele acha que deve fazer no município”, disse Caiado, durante palestra na Fundação Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.
O governador também criticou o avanço do Congresso Nacional sobre o Orçamento e o ativismo do Judiciário.
“Você vê um presidencialismo totalmente enfraquecido, um Congresso Nacional que entrou e define toda a parte de discricionário hoje do governo federal, um Supremo [Tribunal Federal] que muitas vezes se propõe a alterar legislações. Por quê? Porque existem vários vazios. É como fazer um diagnóstico: qual é a causa da dor de cabeça? É a falta de um presidente da República”.
Apesar de apontar a centralização das emendas como problema, Caiado desconversou ao ser confrontado com o fato de que o União Brasil, seu partido, lidera a lista de beneficiados. Em março, o Congresso destravou R$ 4,6 bilhões em emendas por articulação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), principal favorecido.
Em tom de campanha, o governador projetou que a direita chegará forte ao segundo turno em 2026 e que o PT já demonstra fadiga.
“O Lula não deu certo. Teve um momento em que foi aplaudido, teve uma boa gestão, mas agora ele chegou e não deu conta de governar”, afirmou.
Oficialmente pré-candidato desde março, Caiado admitiu que precisa se viabilizar internamente, já que União Brasil ainda não definiu apoio unânime. Ele citou outros nomes do campo da direita, como Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr. (PR), Eduardo Leite (RS) e Romeu Zema (MG), mas não mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Estou andando por esse Brasil todo para poder ter condições de viabilizar um programa de governo que possa ser implantado por quem tem autoridade moral e intelectual para tratar do assunto”, concluiu.