Durante manifestação neste domingo (10) em Copacabana, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez um discurso abordando o caso dos presos do 8 de janeiro, a possível anistia e o seu futuro eleitoral. Ao lado da viúva de Clézio de Araújo, conhecido como Clezão, Bolsonaro lamentou a morte do apoiador e voltou a criticar a atuação do Judiciário.
“Esta senhora que está ao meu lado e as suas duas filhas, aqui é a viúva do Clezão. Uma família que, tendo em vista a decisão de alguém que queria usar sua caneta para fazer justiça por três vezes, negou a liberdade do cardíaco para ser tratado dignamente. Clezão acabou falecendo dentro do presídio. É inadmissível”, afirmou Bolsonaro.
Ainda durante a manifestação, o ex-presidente mencionou que teve um encontro recente com Gilberto Kassab, presidente do PSD, e indicou que há um movimento no Congresso para aprovar a anistia aos presos políticos.
“Tenho certeza e deixo claro aqui, esse 50% aqui não é PL não, tem gente boa em todos os partidos. Eu, inclusive, há poucos dias tinha um velho problema que resolvi com o Kassab em São Paulo. Ele está ao nosso lado com a sua bancada para provar a anistia em Brasília”, disse.
Por fim, Bolsonaro reforçou que a sua inelegibilidade foi uma decisão política e sugeriu que seu nome poderá estar na disputa presidencial de 2026.
“Como viram, a questão da inelegibilidade dá pra ser alterada. Afinal de contas, me tornaram inelegível. Por quê? Pegaram dinheiro na minha cueca? Alguma caixa de dinheiro no meu apartamento? Algum desfoque estatal. Eles querem me tirar por uma condenação já que a inelegibilidade está ameaçada para eles”, finalizou.
O ato reuniu apoiadores do ex-presidente e parlamentares aliados, que manifestaram a favor da anistia aos presos do 8 de janeiro e reforçando a tese de perseguição política contra Bolsonaro e os seus apoiadores.
“Esse país é dos brasileiros”
Durante o ato, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi convidado a discursar e criticou duramente o Supremo Tribunal Federal (STF) e responsabilizou a Corte pela morte de Clezão. Ele destacou que o caso não apenas tirou a vida do apoiador de Bolsonaro, mas também privou sua família de momentos essenciais.
“Agora para pra pensar no que o STF fez com a vida da família do Clezão. Eles não roubaram somente a vida dele, eles roubaram a oportunidade da sua filha de mostrar o neto, o filho dela, pro seu avô”, afirmou.
Nikolas reforçou ainda a necessidade de lutar pela anistia dos presos políticos e cobrou um posicionamento do Congresso Nacional.
“Eu peço aqui para o nosso presidente do Congresso e o presidente da Câmara, Hugo Mota e Alcolumbre […]. Nós temos um Ministério Público Federal que ao invés de combater o crime organizado, corrupção, está preocupado porque o Bolsonaro falou que toda mulher petista é feia.”
Encerrando seu discurso, ele fez um apelo para que os apoiadores não desistam, pois ainda há esperança.
“O Brasil vai raiar novamente, a liberdade vai cantar mais uma vez, até mesmo porque esse país não é país de ministro do STF, esse país não é país da esquerda, esse país é dos brasileiros”, finalizou Nikolas Ferreira.
A derrota do “alexandrismo”
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) abriu seu discurso citando o livro de Provérbios e comparando a luta dos apoiadores de Bolsonaro à resistência contra injustiças. Ele mencionou o sofrimento das famílias dos presos políticos e ainda criticou o Supremo Tribunal Federal.
“Imaginem aquela mãe que nesse momento está passando um calor maior do que nós aqui. Olhando para o teto de uma sela sem poder botar a comidinha na boca da sua filhinha na hora do almoço”, disse.
Flávio citou casos específicos, como o da Débora, e o de seu marido, Ezequiel, ressaltando que houve uma grande diferença entre as punições aplicadas à direita e as ações da esquerda que ficaram impunes.
“Nós estamos aqui pela família do Clezão, que está aqui com a gente, essa que foi a vítima fatal de um ministro, que de forma deliberada deixou o Clezão morrer na cadeia, disse Nikolas Ferreira.
Ao finalizar, ele fez um chamado à mobilização e pediu força na luta contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes.
“Eu tenho uma coisa para falar a todos vocês: nós vamos! Derrotar o alexandrismo”.
Malafaia acusa Alexandre de Moraes de crimes e cita perseguição política
O pastor Silas Malafaia fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “criminoso” e afirmando ter provas de suas acusações.
“Uma acusação desse nível, você não pode usar bravata. Você tem que provar. Onde é que começa a história de crimes de Alexandre de Moraes? Há quase seis anos atrás, ele passou a presidir o inquérito de fake news. Esse inquérito é imoral e ilegal porque não tem a participação do Ministério Público”, disse.
Malafaia denunciou a censura imposta pelo STF e citou casos de brasileiros que foram presos ou exilados por expressarem suas opiniões.
“Ele cerceia redes sociais de brasileiros, de políticos, prende por opinião e tem gente exilada no exterior por causa de opinião”, afirmou o pastor.
O pastor também mencionou a negativa do Ministério Público da Espanha ao pedido de extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio, e reforçou que, enquanto no Brasil há perseguição, na Europa há liberdade de expressão.
“O Ministério Público da Espanha dá uma lambada em Alexandre de Moraes. O que pra você é crime aqui, na Europa é liberdade de expressão”, declarou.