O ex-procurador-geral da República Antônio Augusto Aras saiu em defesa de sua gestão nesta terça-feira (25), negando omissão e reforçando a autonomia dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Em entrevista à CNN, ele rebateu as críticas e destacou que não concordou com todas as decisões de seus delegatários, mas respeitou suas atuações.
“Eu deleguei 100% de todo criminal e eleitoral aos meus colegas, pessoas honradas, sérias, competentes e honestas. Eu não poderia confiar nelas ao delegar as funções a elas e depois pedir de volta porque isso seria uma dupla ofensa”, declarou Aras.
Questionado sobre sua postura à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) entre 2019 e 2023, o ex-procurador-geral defendeu sua conduta e rejeitou as acusações de que teria protegido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Posso denunciar um cidadão, qualquer que seja ele, sem observar o devido processo legal? Posso denunciar? Para denunciar alguém tem que ter prova. Tem que ter prova. Não adianta me criticar porque não denunciei. Não sou o verdugo do rei, não sou o verdugo da nação. A mim me cabe o respeito devido ao devido processo legal”, afirmou.
Sobre a recente denúncia apresentada pelo atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra Bolsonaro e aliados, Aras disse que as investigações da Polícia Federal não seguiram o rito adequado para autoridades com foro privilegiado.
“Inquéritos contra pessoas com prerrogativa de foro não tramitam na PF. Esse tipo de vício não é insanável e nem macula a denúncia de Paulo. Esse vício deveria ser evitado no bojo do andamento do inquérito”, pontuou.
Apesar da crítica, ele minimizou eventuais consequências jurídicas no caso.
“Já que não foi, como não há nulidade em inquérito policial, fica apenas o estranhamento de se abrir um precedente que pode comprometer o sistema no futuro em dadas outras circunstâncias”, concluiu Aras.