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A geringonça econômica brasileira

Por Leonardo Barreto

Parece estar instalado no país um arranjo institucional para a condução da economia até 2026. Em uma ponta está o Banco Central (BC) com sua política de juros restritiva. Na outra está Lula e sua disposição de colocar sua reeleição como condicionante de qualquer plano econômico, o que estressa a parte dos gastos.

Fazendo uma ponte entre os dois está a Fazenda, para quem sempre sobra o pior dos dois mundos, sendo criticado pelo lado fiscalista e pelo expansionista.

Começando pelo final. Lula vai reforçar sua agenda de transferências para consolidar uma base social essencial para a sua reeleição. Fazem parte da sua lista de prioridades a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, arrumar um jeito de dar gás de graça para 22 milhões de pessoas, distribuir gratuitamente remédios para 1 milhão de cidadãos.

Além disse, diante de uma clara deterioração das condições de crédito – resultado esperado pelo BC –, Lula quer injetar dinheiro no consumo criando um consignado para o trabalhador do setor privado, usando o seu dinheiro retido no FGTS como garantia para bancos concederem empréstimos.

Do lado do BC, o presidente Gabriel Galípolo tem dito que o “remédio está funcionando”. Isto é, a taxa de juros está freando o crescimento, como a própria secretaria de política econômica da Fazenda já reconheceu. Segundo dados divulgados ontem, que reduziu de 2,5% para 2,3% a perspectiva de crescimento para este ano.

A Fazenda faz o meio de campo. Vai mandar as propostas do IR e acompanhar o novo Gás para Todos de um lado e tentar ajudar no fiscal propondo aumento de impostos e fazendo contingenciamento orçamentário por outro.

Ao final, o que o governo pretende é reduzir a inflação com o menor custo social possível. No melhor cenário, o Brasil experimentará um “pouso suave” e encerrará o ano com inflação descendente, crescendo menos (mas crescendo) e pronto para nova aceleração em 2026.

Na pior conjuntura, a atuação da ponta política vai atrasar o efeito do trabalho do Banco Central sobre a inflação. O trabalho fiscal via contingenciamento e aumento de impostos vai fracassar em razão da disputa com o Congresso e a ansiedade tomará conta da Esplanada.

Sem ter a inflação controlada e com queda da atividade, o governo decide acelerar mesmo sem combustível no tanque, piorando as condições gerais para criar um bem-estar passageiro que dure pelo menos até a eleição presidencial.

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