A greve na Receita Federal trava R$ 15 bilhões em transações tributárias e interrompe julgamentos no Carf, afetando grandes contribuintes. A mobilização se intensificou após a Unafisco Nacional responsabilizar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por ignorar demandas da Receita e priorizar outras áreas da pasta. Enquanto a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) recebeu reajuste salarial de 19% para os próximos dois anos, os auditores fiscais tiveram seus vencimentos básicos congelados.
“Esse tratamento desigual foi a ‘gota d’água’ para a greve, já que os auditores consideram seu trabalho tão estratégico quanto o da PGFN”, declarou a Unafisco em nota.
Nesta semana, delegados das principais regiões administrativas do órgão aderiram ao movimento, paralisando 80% do comércio exterior e agravando a crise fiscal e de imagem do governo Lula (PT).
Impactos da greve
- A paralisação compromete a arrecadação federal em um momento crítico para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero.
- Julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), envolvendo R$ 51 bilhões, estão suspensos.
- O Carf projetava arrecadar R$ 55,6 bilhões com o restabelecimento do voto de qualidade, mas obteve apenas R$ 307 milhões.
- O governo previa captar R$ 31 bilhões com transações tributárias, mas arrecadou apenas R$ 5,4 bilhões.
- A previsão de arrecadar R$ 28,6 bilhões em 2024 também deve ser reduzida.
Mais de 500 mil remessas de importação e exportação estão retidas. Atrasos de até 30 dias comprometem setores estratégicos como o farmacêutico, automotivo e agronegócio. Cargas estão acumuladas em aeroportos como Guarulhos e Viracopos, ampliando os prejuízos econômicos.
O Ministério da Fazenda e a Receita Federal foram procurados pela equipe deste jornal digital para comentar as alegações da Unafisco, mas não se manifestaram até o fechamento desta matéria. O ministro ainda não comentou sobre o caso com a imprensa. O espaço segue aberto.